Por Carolina Vellei
carolina.vellei@gmail.com
Uma foto que nunca foi tirada: “Aquela lágrima ficou na minha cabeça”. Para o fotógrafo, há momentos que não se devem fotografar, apenas respeitar. Após contar uma emocionante história sobre o amor de um casal de índios no Mato Grosso do Sul, João Roberto Ripper mostrou como é importante o profissional observar, para aprender com as situações e saber o momento certo de dar ou não o clique.
Há mais de 20 anos Ripper trabalha como fotógrafo documental. Um de seus temas retratados é o trabalho escravo pelo Brasil, principalmente em carvoarias. Em suas fotos são mostradas a coragem e a paixão de um povo, que apesar de todas as dificuldades não desiste da felicidade. “As pessoas são bonitas, todas elas têm suas belezas”, lembrou. Seu trabalho de denúncia serviu de prova em muitos julgamentos e já contribuiu para o fechamento de diversas usinas de ferro gusa no Pará.
Outro tema de Ripper é a luta pela terra dos índios Guarani Kaiowa, no Mato Grosso do Sul. Ficou 16 anos fotografando o dia-a-dia dos índios no estado que mais sofre com a concentração fundiária. Para ele é preciso denunciar, mas sem vitimizar e por isso seus trabalhos sempre buscam retratar a beleza das pessoas, com iluminação natural para captar o momento da forma mais real possível. Contribui para isso também a aparência em preto e branco. “É como a magia do rádio [...] cada um colore a imagem do jeito que quer”.
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