terça-feira, 31 de agosto de 2010

[Fotojornalismo] Experiências de contrastes de luz

Por Meire Kusumoto e  Jéssika Gonzalez
meirekusumoto@gmail.com| jessika_g_m_@hotmail.com

O mundo está rodeado por contrastes. Mas, afinal, o que é isso? Essa foi a questão com que Bete Savioli iniciou seu workshop. O termo remete à propriedade visual que faz perceptível o limite entre um objeto e outro; não é uma característica específica da luz, mas sim uma relação que a envolve. Para exemplificar, a fotógrafa citou alguns trabalhos.

· Walter Benjamin descrevendo o “Retrato do Jovem Kafka”: devido à curva característica do filme em preto e branco, tem-se uma sensação de contínuo. Mostram-se todos os detalhes, diferentemente do que acontecia com a gravura.

· Jacob Riis: um dos primeiros a trabalhar com flash, procurava retratar os menos favorecidos por meio de contrastes de várias maneiras, em tom de denúncia. Usava fotos como ponto de partida para desenhos, e, em algumas delas, era imprescindível uma iluminação artificial.

· Lewis Hine: registrou o trabalho infantil nos Estados Unidos no começo do século XX. O viés de suas fotos era dramático, com utilização de “luz dura”.

· Josef Koudelka: viajou pela Romênia retratando o povo cigano, fazendo uso de contraste mais reforçado. “À medida em que esse fazer (fotográfico) vai se firmando, os fotógrafos começam a experimentar mais e a buscar alguns efeitos mais específicos”, diz Bete Savioli.

· Trent Parke: fotografou o território australiano e seus elementos, contando com diferentes variações que fugiam ao preto e branco.

· Alexandro Chaskielberg: inovador por um lado, pouco detalhista por outro, devido a seus contrastes exagerados. Contemporâneo que discute os limites da definição do fotojornalismo.

“A afirmação de que (a fotografia) é o real vem junto com o fazer fotográfico. A fotografia não é pura, não é absoluta”, discorre Savioli sobre a delicada fronteira entre a manipulação da imagem e o fato registrado em si.

Com a digitalização das fotos, a produção se expandiu, mas a o seu fazer se tornou menos pensado. Surgiu uma nova linguagem e uma certa padronização, porém, de acordo com Bete Savioli, “A fotografia é sempre uma surpresa”.

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