Raissa Pascoal
“O que é o jabá? No jargão é aquilo que a gente recebe de assessorias, presentes de fim de ano de gravadoras. Às vezes a gravadora manda um disco cheio de brindezinho”. Thiago Ney, do caderno Ilustrada da Folha de S. Paulo, acha tudo isso uma perda de dinheiro. “O cara acha que você vai falar melhor do disco porque ganhou um pendrive”.
Na prática, não é isso que acontece. Mas existem jornalistas e jornalistas. ”O maior problema é aquele que fala bem por amizade. Esse é um problema que até existe, mas questão de jabá assim [de presentes] é uma questão de bom senso”.
João Gabriel de Lima, redator chefe da Bravo!, conta um caso do assunto. O livro-reportagem Hit man foi lançado nos Estados Unidos sobre jabá. O texto fala como as gravadoras davam dinheiro para as emissoras de rádio para tocarem suas músicas. “Isso aconteceu com o Pink Floyd, no final dos anos 70. A Sony resolveu fazer uma experiência: não pagar jabá. Queria ver se as emissoras não tocariam a músicas do cd mais esperado do ano. O que aconteceu é que ninguém tocou a música do disco”.
Com o passar do tempo e a constatação de que “hoje as gravadoras são muito mais pobres que antigamente”, fica claro que essa já não é uma prática comum. Além do mais, mesmo com os presentes, a função do jornalismo cultural não é divulgar. “A função do jornalismo cultural não é promover. Se o cara quer promover, paga pela publicidade”, lembra Thiago.
0 comentários:
Postar um comentário