segunda-feira, 9 de novembro de 2009

[Bonner] A escolha da notícia

Beatriz Amendola
bia.amendola@gmail.com

“Como você seleciona os assuntos que vão entrar no Jornal Nacional?” Essa é a pergunta mais ouvida por William Bonner, o editor chefe do Jornal. Segundo ele, o “JN tem por objetivo mostrar aquilo que de mais importante aconteceu no Brasil e no mundo naquele dia com isenção, pluralidade, clareza”. Para tanto, há certos critérios que devem ser considerados na seleção das noticias.



Os critérios primários determinam o que vai entrar no noticiário. São eles:

Abrangência
Leva em conta quantas pessoas terão suas vidas afetadas pelo fato. Um assunto que tenha implicações na vida de toda a população brasileira terá mais destaque do que, por exemplo, uma decisão local de um município.

Gravidade das Implicações
É o critério que avalia as conseqüências do que aconteceu. E ele freqüentemente entra em conflito com o critério anterior. Bonner cita um exemplo: Se uma ponte cai em uma cidade do interior do Tocantins e não mata ninguém, não seria noticia. Porém, se a ponte é a única forma de se levar suprimentos do Sudeste para o Norte, a situação se altera.

Caráter Histórico
A eleição de Barack Obama, a morte do Papa, o 11 de setembro. Fatos como esses, que tem uma importância para a história, entram obrigatoriamente na pauta do jornal. Segundo Bonner, cobrir um acontecimento histórico “é a coisa mais orgástica do nosso trabalho”. “O que a gente gosta de fazer é antecipar a historia dos livros numa pagina do jornal”, completa.

Peso do Contexto
Na hora da escolha das notícias, deve-se considerar o contexto do dia e das outras notícias que serão dadas. Como exemplo, Bonner citou o exemplo da morte de Toninho do PT. O prefeito de Campinas poderia ter sido vítima de um crime político, oq eu gerou grande repercussão netre as autoridades. Foram feitas duas reportagens. Porém, a notícia seria dada justamente no dia 11 de setembro. Logo, foi preciso dar menos destaque à matéria sobre a morte do político.

Importância do Todo
“Eu posso chegar ao fim da reunião, olhar o espelho e ver que o JN esta desbalanceado”, diz Bonner. De acordo com ele, às vezes o jornal pode pender muito para um tipo de notícia, como as policiais, por exemplo. Nesses casos, o editor chefe do JN vai “buscar, nas noticias que se oferecem, algo para balancear, para equilibrar”.

Mas tudo o que vai entrar terá seu tamanho. Para determinar isso, são usados os critérios secundários:

Complexidade
“Quanto mais complexo um assunto, mais tempo ele leva para ser contado”, explica Bonner. Em temas difíceis, como uma pesquisa em física quântica, é importante que o repórter converse com fontes da área e peça para elas explicarem didaticamente o assunto.

Tempo
Trata-se do tempo disponível para a matéria ir ao ar, que depende das outras notícias do dia. Um caso, citado também no livro, é o do premio Nobel de Física: no dia, foi dada apenas uma nota, pois havia outras matérias de maior relevância.

1 comentários:

Unknown disse...

Texto excelente retratando tudo o que foi dito a respeito na palestra. Parabéns Bia!