quarta-feira, 22 de setembro de 2010

[Fotojornalismo] Discutindo o Brasil

Por Mariana Soares
soaresnana@yahoo.com.br

Lançada em abril de 1966 pela Editora Abril, a Revista Realidade veio para chocar. Em suas 140 páginas discutia os costumes da sociedade e, como seu nome sugere, a mostrava nua e crua.

Realidade seguia a tendência do jornalismo literário, e cada repórter tinha liberdade para retratar um assunto do ângulo que preferisse. Na revista era tradição também a chamada reportagem participativa, onde o jornalista escrevia uma matéria, geralmente de comportamento, sobre uma situação vivida por ele.

E qualquer que fosse a matéria, era acompanhada por fotografia. Realidade inaugurou o fotojornalismo brasileiro: suas fotos retratavam nossa sociedade de maneira nada velada, o que causou verdadeiras saias-justas com a censura. Walter Firmo, fotógrafo da revista em seus anos iniciais, conta no blog Virou Realidade, que “Realidade influenciou muita gente, foi um marco jornalístico onde a fotografia alinhava-se com o texto e vice-versa”¹, e aí consiste seu trunfo. Firmo conta que muitas vezes, antes de tirar as fotos, lia as matérias correspondentes para garantir que texto e imagem teriam o mesmo enfoque.

Com o endurecimento do regime militar, no entanto, a revista ruiu. A ditadura não conseguia conviver com tamanha irreverência e personalidade, o que obrigou a revista a fazer algumas reformas, mas sua tiragem não parava de cair. Realidade ainda circulou até 1976, quando fechou as portas de uma vez por todas. Não sem se firmar como um divisor de águas no jornalismo brasileiro. Não sem, de fato, nos alertar para a realidade.

2 comentários:

Anônimo disse...

texte fantastico. Parabens

Anônimo disse...

Oi Mari, é a Van, amiga do Le!
Parabéns pelo seu artigo! Adorei!

Sucesso pra vc!
Bjs,
Van!