quarta-feira, 8 de junho de 2011

Ricardo Kotscho defende uma maior invetigação dos fatos

Jaqueline Mafra

Grandes matérias publicadas fizeram de Ricardo Kotscho um dos maiores jornalistas brasileiros. Tendo vivido parte da sua vida na rua atrás de notícias, o jornalista revela no evento "Histórias que se contam: jornalismo em grandes reportagens" realizado pela empresa Jornalismo Júnior da Escola de Comunicações e Artes - USP, sobre o verdadeiro diferencial da profissão.

Kotscho começa afirmando que a natureza do jornalismo não mudou. A essência do jornalista é informar, dar o furo, falar aquilo que seu concorrente não sabe. "Não basta apenas sair na rua e sujar a a sola do sapato", diz o jornalista para explicar que o repórter deve ir à rua e apurar a informação, pois o grande diferencial é essa vontade de sair atrás da notícia. Afirma que a única coisa capaz de salvar a imprensa é a competência de ir atrás daquilo do que ainda não foi dito. O conteúdo é o que faz a diferença e não importa a plataforma de informação onde será divulgado, seja na mídia impressa, televisão ou internet.

O Jornalista diz que ninguém sai na rua para fazer uma grande reportagem, mas para fazer uma matéria. Ao contrário do jornalismo declaratório, o repórter tem o dever em apurar, entrevistar as fontes e ver o que acontece ao redor. Isso poderá resultar em uma nova pauta. Para exemplificar, comenta a vez em que foi entrevistar Roberto Carlos. A conversa não rendia muito, pois Kotscho estava usando um terno marrom e o cantor não gosta da cor, por acreditar que não dá sorte. Sem conteúdo para a matéria, o jornalista usou dessa situação para ser o início do seu texto e fazer um relato de como era a relação de Roberto Carlos e as pessoas da sua equipe.

Ricardo também faz uma distinção entre o leitor de antigamente e o atual. O de hoje decide o que quer ler e sobre o que quer se informar. Os jornalistas não são mais os formadores de opinião. Todos são capazes de ter a própria opinião e, portanto, não se pode querer enganar o leitor. Assim, todo jornalista tem que ter comprometimento com o público: "O jornalista deve ter algum compromisso com a sociedade que faça com que você se encaixe nessa profissão."

Nem todo mundo tem a capacidade em assumir esse compromisso, segundo Kotscho. O importante é ser honesto na profissão, poder brigar com todos, mas não com os fatos. "Não existe neutralidade. As grandes mídias têm seus interesses, mas o limite é o fato", afirma o jornalista.

Ricardo Kotscho comenta que lançará um livro com seleções de crônicas do seu blog Balaio do Kotscho, chamado Vida que segue e da proposta de um programa da Record com o formato do Manhattan Connection que terá o nome de Brasileiros.

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