quarta-feira, 8 de junho de 2011

Jornalismo literário: uma visão subjetiva do acontecimento

DSC00323Lucas Tomazelli                                          lucastomazelli@gmail.com

O jornalismo noticioso, objetivo e linear, é conhecido por todos. Trata-se de uma forma consagrada de informar ao redor do mundo todo. Porém, a prática jornalística mostra-se ampla, dando espaço a outras vertentes do jornalismo, como o jornalismo literário. Edvaldo Pereira Lima, autor de grandes obras relacionadas ao viés literário do jornalismo e ex-professor da Escola de Comunicação e Artes (ECA-USP), acredita que o jornalismo literário tem potencial para crescer no mundo todo, inclusive no Brasil.

Palestrante do evento "Histórias que se contam: o jornalismo em grandes reportagens", realizado na cidade universitária de São Paulo, Edvaldo acredita que existem "os jornalismos", ou seja, há espaço para que ocorram diferentes retratações da realidade na grande mídia. O palestrante fez questão de frisar que o jornalismo literário não usa da ficção como artíficio para sua prática. Ao contrário, este, por ser jornalismo, pressupõe um compromisso com a realidade. E, por ser literário, possui mais requinte, informando e sendo mais fácil de ser lido.

Durante a palestra, Edvaldo expôs as diferenças existentes entre o chamado jornalismo noticioso e o jornalismo literário. Ressaltou, também, a realidade mais integral e complexa que o jornalismo literário procura abranger em sua prática, valorizando o cotidiano e proporcionando ao leitor uma visão subjetiva do acontecimento. Portanto, segundo ele, o jornalismo literário não transmite apenas uma nóticia ao leitor e sim, uma experiência da realidade, algo mais emocional e simbólico, que é marcante aos olhos de quem lê.

Quanto ao trabalho de quem atua nessa área, Edvaldo afirma que o repórter não é apenas um transmissor de mensagens, mas sim, um autor, que vive um pouco do mundo das pessoas sobre as quais vai escrever, mergulha na realidade e amplia sua perpepção. Os métodos são diferentes, não ficam restritos às técnicas clássicas, são variados, produzindo um texto dinâmico com variação de recursos narrativos, os quais proporcionam intensidade ao acontecimento relatado. Além disso, as pessoas retratadas nessa vertente jornalísitica são personagens da obra, seres ativos. Já no jornalismo convencional, as pessoas são tratadas apenas como fontes de informações, não atuam substancialmente.

Edvaldo Pereira Lima, além de ser professor é co-fundador da Academia Brasileira de Jornalismo Literário (www.abjl.org.br), que pretende fomentar o ensino e expandir a prática literária do jornalismo no país. O palestrante ainda falou sobre as origens e os livros ("Páginas ampliadas: O livro-reportagem como extensão do jornalismo e da literatura" e "Jornalismo literário para iniciantes”) que escreveu sobre o assunto. Por fim, indicou um site como referência para quem procura ler mais obras da vertente literária (www.textovivo.com.br).

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