sábado, 11 de junho de 2011

“Ler um bom texto é um dos prazeres da vida”

Por Patrícia Beloni                                                                                                           pat.beloni@gmail.comDSC_0664

A feição séria de José Hamilton Ribeiro foi só aparência. O jornalista deu um tom bem humorado à última palestra do ciclo de apresentações do evento “Histórias que se contam: O jornalismo em grandes reportagens”. O professor e chefe do departamento de jornalismo, José Coelho Sobrinho, apresentou o paulista, “alma do Globo Rural” e autor de 17 livros, entre eles “O gosto da guerra”.

Zé preparou a palestra e trouxe até um texto de apoio para não se perder. O exercícío da reportagem, iniciou ele, é diferente do jornalismo diário. Traz consigo um pouco de profundidade, pesquisa e maturação de imprensa. Citou e criticou diversos jornalistas, como Rubem Braga e Joel Silveira, e analteceu a escrita de Manuel Bandeira. Para Hamilton, ser jornalista de grandes reportagens exige vocação e formação.

Com um exemplo bem clássico da área de exatas, o repórter que ministrou aulas na faculdade Cásper Líbero ensinou a fórmula da grande reportagem para os ouvintes do evento: GR=[(BC + BF)] x [(T x T')n].Traduzindo, uma grande reportagem é fruto de um bom começo, com um bom final, combinado com muito trabalho e talento, de acordo com a energia necessária.

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O esforço para alcançar o resultado dessa fórmula também vem da consciência da profissão competitiva e o mercado restrito, limitado, o que faz com que o jornalista tenha que se dedicar e desenvolver suas habilidades. José Hamilton fala também do encanto do final. Tem que ser reservado alguma coisa interessante para encerrar o texto com “aquele gostinho de quero mais”.

Durante as dicas, o Zé foi contando alguns episódios curiosos de sua vida, como quando fez a cobertura da Guerra no Vietnã e teve a perna esquerda amputada, e algumas experiências como correspondente de guerra. “Os correspondentes de guerra são membros de um tribo infeliz. Não conhece ninguém, e tem que lutar por um furo contra os próprios colegas de trabalho”, desabafa o repórter.DSC_0696

Aos 75 anos, o jornalista, que foi repórter da “Revista Realidade”, do jornal “Folha de São Paulo”, do “Fantástico” e do “Globo Repórter”, se mostrou disposto e engraçado. Ele destacou ainda a importância da dimensão humana que deve ser dada nas abordagens de uma grande reportagem e da diferença que faz os personagens e suas histórias. No final da palestra, deu autógrafos e também tirou fotos.

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