Por Beatriz Montesanti bmontesanti@gmail.com
A segunda palestra do ciclo Jornalismo& cumpriu a promessa e, sob a temática da cobertura de assuntos polêmicos, trouxe a polêmica da qualidade de cobertura do jornalismo brasileiro atual. Os repórteres Mario Cesar Carvalho (Folha) e Luiz Carlos Azenha (Record), deram um panorama realístico das mídias de hoje.
“Há dois dilemas essenciais da atividade jornalística que parecem ter o mesmo fundo, a mesma questão: como financiar o jornalismo investigativo e o aviltamento da atividade jornalística. São duas questões muito sérias e que foram abandonadas ao longo do tempo.”, iniciou Carvalho. Para ele, a crise que o jornalismo brasileiro enfrenta é essencialmente diferente da enfrentada pelo resto do mundo, pois se trata de uma crise de conteúdo, e não de queda da quantidade de leitores – que por sua vez cresceu nos últimos tempos. “Ser leitor de jornal no Brasil é um status. Com o aumento da classe média, aumenta o número de leitores”, explica.
De acordo com Azenha, os grandes jornais têm outros interesses paralelos, ou eles usam o jornalismo para fazer avançar o seus interesses atacando o concorrente, ou eles defendem o seu ponto de vista abarcando temas mais amplos. “Por que cobrimos manifestação em são Paulo por problemas de trânsito, e não pela reinvindicação? O jornalismo não tem compromisso nenhum, mas nós precisamos resgatar isso na nossa profissão, que vai além de vender jornal, algo que venha do jornalista como ser-humano. O resgate do nosso papel como representante da sociedade é muito importante”.
Os repórteres também comentaram sobre a nova geração, que inicia os estudos na área e pleiteia uma vaga no mercado de trabalha. “Comparando com minha geração vocês já estão muito bem preparados, porque chegam à universidade com um nível de informação muito alto. Mas falta saber como colocá-las e como se colocar diante delas”, disse Azenha
“Descobrir grandes historia e provar que você é capaz de fazê-las e o único jeito pra ingressar e ser respeitado na área.” Mario exemplificou contando como começou: “Eu descobri que nos arquivos da censura tinham também Roberto Carlos, Raul Seixas, não só Chico Buarque... foi como eu comecei. Tem histórias que ninguém tem.”
Os jornalistas veem a solução para o futuro nas cooperativas jornalísticas em surgimento, que são financiadas, porém sem haver controle editorial. É o caso da Propublica, nos EUA e na recém-criada Pública, no Brasil.
0 comentários:
Postar um comentário