terça-feira, 5 de abril de 2011

Desafios do enviado especial

Anna Carolina Papp

annakps@gmail.com

Na palestra “Jornalismo & Internacional”, José Antonio Lima traz reflexões sobre o papel do enviado especial que, diferentemente dos correspondentes, não mora no exterior, porém viaja para outro país a fim de cobrir um assunto, ficando lá geralmente por um curto período de tempo.

Segundo José, as empresas jornalísticas brasileiras não possuem muitos correspondentes no exterior. Isso se deve em parte à falta de preparo dos jornalistas, mas principalmente devido à falta de estímulo por parte dos veículos, que não investem nessa área. Para suprir tal necessidade, surge o enviado especial, que enfrenta uma série de desafios. José dá algumas dicas sobre como se preparar para tal missão, com base em suas experiências na Copa do Mundo na África do Sul e na recente revolução ocorrida no Egito.

O enviado especial precisa, além do olhar do repórter, ter o olhar do editor, ou seja: prestar atenção não só na pauta estipulada, mas em outras coisas relevantes que possam virar matéria. Logo, nenhuma possível entrevista pode ser desperdiçada: “Aproveite para perguntar tudo para todas as pessoas”, afirma José. “O jornalista nunca pode ter vergonha de perguntar.”

É preciso, também, entender o país e sua história. “Para conhecer História, você não precisa só saber a história do seu tempo”, diz José. Além disso, é necessário um conhecimento geográfico sobre a região, principalmente em situações de conflito. Antes de ir para o Egito, José conta que foi estudar o Cairo no Google Maps, e isso lhe foi de grande ajuda em seu trabalho na cidade. Também aponta a importância de se ter contato com outros jornalistas no local, a fim de trocar informações e conseguir contato de fontes.

Por fim, José ressalta a importância do curso de línguas e de bagagem teórica. Para ele, “o jornalista não pode parar de estudar nunca”. É preciso entender como as organizações mundiais funcionam; é preciso ler a Constituição. “Você tem que buscar o conhecimento, saber não o que os jornalistas estão fazendo, mas o que está acontecendo naquele lugar e como você pode retratar aquela situação.”

Para José, conforme o Brasil for ganhando notabilidade no cenário mundial, os veículos vão perceber a importância do jornalismo internacional e de se manter correspondentes, passando a investir mais na área. “A população não vai, do nada, se interessar por política internacional. É papel da imprensa tornar o assunto relevante”, afirma.

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