Rafael Ciscati
Emplacar uma nova revista em um mercado dominado pela Playboy e assemelhadas não é simples. Sobretudo se a fórmula editorial for diferente daquela a que o leitor está acostumado. Para Airton Seligman, editor chefe da Men’s Health, “quando eu lanço uma revista masculina que não tem mulher na capa, o cara para pra pensar – será que isso é pra mim?”.
Para atrair o leitor, os cuidados começam pela parte gráfica – por querer vender um estilo de vida saudável, a revista traz na capa modelos masculinos com os quais o público se identifica por aspiração. Manter a foto de capa em preto e branco é uma forma de driblar possíveis resistências: “Assim a foto rebaixa um pouco, você não joga na cara do leitor a ideia do nu masculino”, explica o editor.
Outra estratégia foi adotar um ícone feminino, presente na capa de cada edição – uma pequena foto de uma modelo, anunciando alguma matéria interna.
Mas, entre se interessar pela revista na banca e tornar-se leitor fiel, a distância é grande. Por isso, a escolha das pautas é sempre um desafio. Como tratar, por exemplo, de assuntos delicados, com exame de toque? “Buscamos sempre um viés positivo – se você fizer agora não terá problemas mais tarde”, conta Airton. “A gente usa uma linguagem muito pop para tratar das coisas, sem desautorizar a informação, mas como se fossemos um amigo do leitor”.
Além disso, falar de saúde e qualidade de vida para o público masculino não é simples: “Homem não quer saber de saúde, continua se achando imortal. Como trabalhamos um conceito moderno de comportamento, quando chegamos nesse ponto o sujeito já está mais amaciado”.
0 comentários:
Postar um comentário