quinta-feira, 18 de junho de 2009

[Internacional] Agências de notícias: como trabalhar informações

Raissa Pascoal
raissapascoal@gmail.com


Como um veículo de comunicação cobre eventos fora de seu país? As soluções mais comuns são recorrer a correspondentes próprios ou a agências de notícias ao redor do mundo.

Os correspondentes dão originalidade ao meio de comunicação, além de um olhar nacional para fatos internacionais.

No entanto, o alto custo da manutenção de um correspondente no exterior é um problema. O inibido mercado de vendas de jornais no Brasil leva a retração da arrecadação financeira dos veículos. Os maiores jornais do país, como a Folha, o Estado e o Globo, vendem menos de 300 mil exemplares diariamente. Isso é insuficiente para a manutenção da redação. O corte de gastos é indispensável. E viver no exterior é caro.

Mas, e o caderno internacional? As agências de notícia tornaram-se as principais fontes de informação. Basta olhar a assinatura das matérias de grandes jornais: Reuters, Associated Press, AFP. As porcentagens comprovam: mais de 70% das notícias da Folha de São Paulo, por exemplo, vêm de agências.

Mas elas são fontes mesmo? Talvez não. As notícias que mandam para os veículos são prontas. Eles têm duas opções: publicar a notícia tal qual como recebida ou usá-la em conjunto com outras fontes.

As notícias recebidas são checadas? Segundo Eun Yung Park, professora de jornalismo da Escola
de Comunicações e Artes da USP, elas dificilmente são. A facilidade de publicar como recebido é maior que priorizar a checagem. Caso seja um tema polêmico, o veículo tem a escolha de colocar a fonte como a agência, isentando-se.

E aí, como trabalhar com as informações? Sem correspondente e dependendo de agências, o melhor mesmo é buscar o maior número de fontes possíveis e, é claro, checar tudo. Como?
E-mails, ligações, pesquisa, tudo possível de se fazer aqui mesmo, no Brasil. Se o jornal publica sem checar, caso haja erro, este passa a ser dele. Além disso, ter notícias iguais em dois grandes veículos, como Folha e Estadão, não é muito legal. Veja:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u577533.shtml
http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,piratas-libertam-navio-e-tripulacao-sequestrados-ha-10-meses,383352,0.htm

1 comentários:

Guilherme D. disse...

Bom exemplo!
De fato, se isentar colocando toda a responsabilidade na agência de notícia é fácil. Ora, se for pra ler o que a agência escreve, não precisamos de um jornal como intermediário, assinaríamos logo o boletim da agência. Se o leitor compra o jornal, é porque ele quer ver o jornalismo daquele jornal...