segunda-feira, 28 de março de 2011

Jornalismo cultural: serviços e indagações


Por Beatriz Montesanti
bmontesanti@gmail.com

Teoria e prática se encontraram nessa segunda-feira, dia 28, sob o tema Jornalismo Cultural. Sylvia Colombo, editora da Ilustrada, juntou-se ao professor do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB), Fernando Paixão, em uma conversa com os calouros de jornalismo da ECA-USP. De um lado, a experiência da redação, de outro, a crítica do especialista sobre a cobertura que se faz hoje no campo da cultura.

Ambos usaram como parâmetro o caderno da Folha na década de 80. O período de efervescência política na transição democrática era também um tempo de experimentação: jovens jornalistas traziam o melhor do exterior em textos e análises críticas.


Porém o cenário mudou com o advento da internet: “Passamos por varias transformações na Folha e no jornalismo em geral que fez com que a Ilustrada mudasse de perfil. Isso significou o fim de um texto mais autoral, que era uma mistureba de resenha, reportagem etc. Nos anos 90 separamos as coisas: o leitor precisava saber o que estava lendo, se era notícia, se era crítica, as coisas ficaram mais bem sinalizadas. O novo leitor buscava serviços, então esse tipo de jornalismo teve um crescimento muito grande: roteiro de cinema, roteiro de teatro, quanto custa ir a um lançamento, página de gastronomia: é tudo feito para o leitor que consome”, explicou Sylvia.


Nesse ponto, Paixão levantou importantes questões: Qual o papel do jornalismo cultural para além da "commodity do serviço"? Por que as pautas dos diferentes jornais costuma ser tão semelhantes? Como poderíamos ir além? “O jornalismo cultural atual vive dessa crise de identidade e posicionamento, mas eu acho possível superá-la”, defendeu o jornalista e professor.


Sylvia ainda fez uma ressalva à crítica de Paixão, lembrando que o jornalismo cultural é, antes de tudo, jornalismo, e mais importante do que a cobertura da indústria cultural é a preocupação em debater questões culturais do nosso tempo e mostrar como isso é tratado pela política nacional e pela sociedade, com no caso das matérias publicadas sobre a Lei Rouanet, por exemplo.

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