quinta-feira, 24 de junho de 2010

[Independente] Os bens e males de ser do contra

 

Por Bruno Federowski
federowski@gmail.com

Quando se fala em jornalismo alternativo, a imagem que costumamos ter em mente é bastante vaga: geralmente, imaginamos pequenos veículos, de tendências revolucionárias e esquerdistas. A verdade é que a imprensa não tradicional representa muito mais do que isso. Para entender melhor o que ela significa:

O que é jornalismo alternativo? É aquele que não está incluído na esfera da “Grande Mídia”, isto é, naquele grupo de empresas tradicionais da imprensa brasileira (Globo, Veja, Folha, Estadão, entre outros). No jornalismo impresso, podemos citar o jornal Brasil de Fato, a revista Caros Amigos, a publicação Le Monde Diplomatique e a revista Fórum. Abrange ainda as rádios comunitárias, o jornalismo sindical e as publicações ligadas ao terceiro setor.

Ele tem necessariamente que ser esquerdista? A pequena mídia não apresenta necessariamente uma visão esquerdista, mas, sim, uma visão progressista e crítica. Os veículos alternativos, em geral, dão voz à parcela da população que a mídia tradicional não alcança. Com isso, fazem com que seus leitores desenvolvam uma visão crítica em relação ao que lhes é apresentado como informação pela grande mídia.

Como ele se diferencia da mídia tradicional? As matérias diferenciam-se tanto pelas pautas quanto pela apuração. Um trabalho realizado pelo grupo de pesquisa Alterjor (grupo de pesquisa desenvolvido pelos professores da ECA-USP Dennis de Oliveira e Luciano Victor Barros Maluly)* demonstrou que, na mídia tradicional, 75% das fontes apuradas são fontes oficiais. Na pequena mídia, ao contrário, há maior pluralidade nas entrevistas: a revista Le Monde Diplomatique, por exemplo, tende a buscar informações com intelectuais; a revista Fórum, com lideranças políticas petistas; etc.

Quais são as dificuldades que o atingem? Por ser composta de veículos de menor distribuição, a pequena mídia, na maior parte dos casos, não consegue atingir os setores populares e restringe-se ao público intelectualizado. Uma notável exceção a isso é o jornalBrasil de Fato, que por ter sua origem ligada ao MST, é utilizado nos cursos de formação promovidos pelo movimento. Com a Internet, entretanto, tem crescido cada vez mais o espaço destinado a veículos não tradicionais.

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