Por Mariana Soares
nanacsoares@gmail.com
Há no imaginário brasileiro a idéia de que o que vem de fora é melhor que o produzido aqui. No jornalismo científico, no entanto, isso não é regra. Embora haja muito mais investimento na área nos Estados Unidos e na Europa, a ciência brasileira vem crescendo de forma gradual, bem como o interesse na área. Assim, as publicações jornalísticas sobre o tema aumentaram e estão se tornando mais abrangentes.
Segundo os repórteres da Folha, a principal diferença entre o jornalismo científico brasileiro e o mundial é que no Brasil há menos gente trabalhando com isso: “Ser jornalista científico no Brasil é participar de um clubinho que não deve ter mais de 20 pessoas, todos meio que se conhecem, enquanto só a equipe do "New York Times" na área tem quase isso. Mas o que nós fazemos é basicamente a mesma coisa”, disseram Sabine Righetti, Ricardo Mioto e Giuliana Miranda.
Cientistas brasileiros publicam com freqüência em revistas como a Science e a Nature, as maiores da área. Ambas nasceram no século XIX e hoje funcionam como os principais meios de divulgação de o que há de novo na ciência, sendo acessadas por cerca de um milhão de pessoas cada. Essas duas revistas disponibilizam os artigos que serão publicados com uma semana de antecedência para os jornalistas, para que estes possam aprofundar suas matérias. É o que acontece com os jornalistas da Folha Ciência, por exemplo, que possuem conta nesses sites. Perguntados sobre publicações do tipo no Brasil, eles disseram: “Não conhecemos nenhuma revista brasileira que se destaque muito, mas o esforço do pessoal do SciELO é bem louvável”. Reinaldo José Lopes, o editor do caderno científico da Folha, é otimista: afirma que a pesquisa no Brasil não é tão desenvolvida quanto lá fora, mas está crescendo bastante em quantidade e em qualidade.
Fora do comum
O acesso antecipado às próximas publicações mundiais não é exclusividade dos jornalistas científicos brasileiros. Quando há uma grande descoberta, de explícito interesse público, por exemplo, ela será noticiada no mundo todo. Desse modo, tem de se encontrar uma maneira de se diferenciar. Os profissionais da Folha contam que esse é um de seus desafios e que falar com mais pessoas e fazer uma arte diferenciada na matéria são soluções possíveis.
Futuro
As reportagens sobre ciência podem não ser as mais conhecidas por aqui, mas têm seu público. Quando grandes veículos dão espaço para o jornalismo científico, é um estímulo a esse tipo de produção no Brasil. Nos EUA, por exemplo, há um costume de consumir jornalismo. Assim, os textos científicos fazem mais sucesso por lá, o que também é explicado pela quantidade de capital investido na área. Mas no Brasil tanto a produção científica quanto o jornalismo científico cresceram nos últimos anos, bem como se popularizaram. A tendência é isso se manter. É real a possibilidade de termos uma ciência comparável a dos países desenvolvidos, fato que pode ser fomentado pelo crescimento do jornalismo científico. Tudo isso é possível e num futuro bem menos longínquo do que parece.
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