Jaqueline Mafra
Grandes matérias publicadas fizeram de Ricardo Kotscho um dos maiores jornalistas brasileiros. Tendo vivido parte da sua vida na rua atrás de notícias, o jornalista revela no evento "Histórias que se contam: jornalismo em grandes reportagens" realizado pela empresa Jornalismo Júnior da Escola de Comunicações e Artes - USP, sobre o verdadeiro diferencial da profissão.
Kotscho começa afirmando que a natureza do jornalismo não mudou. A essência do jornalista é informar, dar o furo, falar aquilo que seu concorrente não sabe. "Não basta apenas sair na rua e sujar a a sola do sapato", diz o jornalista para explicar que o repórter deve ir à rua e apurar a informação, pois o grande diferencial é essa vontade de sair atrás da notícia. Afirma que a única coisa capaz de salvar a imprensa é a competência de ir atrás daquilo do que ainda não foi dito. O conteúdo é o que faz a diferença e não importa a plataforma de informação onde será divulgado, seja na mídia impressa, televisão ou internet.
O Jornalista diz que ninguém sai na rua para fazer uma grande reportagem, mas para fazer uma matéria. Ao contrário do jornalismo declaratório, o repórter tem o dever em apurar, entrevistar as fontes e ver o que acontece ao redor. Isso poderá resultar em uma nova pauta. Para exemplificar, comenta a vez em que foi entrevistar Roberto Carlos. A conversa não rendia muito, pois Kotscho estava usando um terno marrom e o cantor não gosta da cor, por acreditar que não dá sorte. Sem conteúdo para a matéria, o jornalista usou dessa situação para ser o início do seu texto e fazer um relato de como era a relação de Roberto Carlos e as pessoas da sua equipe.
Ricardo também faz uma distinção entre o leitor de antigamente e o atual. O de hoje decide o que quer ler e sobre o que quer se informar. Os jornalistas não são mais os formadores de opinião. Todos são capazes de ter a própria opinião e, portanto, não se pode querer enganar o leitor. Assim, todo jornalista tem que ter comprometimento com o público: "O jornalista deve ter algum compromisso com a sociedade que faça com que você se encaixe nessa profissão."
Nem todo mundo tem a capacidade em assumir esse compromisso, segundo Kotscho. O importante é ser honesto na profissão, poder brigar com todos, mas não com os fatos. "Não existe neutralidade. As grandes mídias têm seus interesses, mas o limite é o fato", afirma o jornalista.
Ricardo Kotscho comenta que lançará um livro com seleções de crônicas do seu blog Balaio do Kotscho, chamado Vida que segue e da proposta de um programa da Record com o formato do Manhattan Connection que terá o nome de Brasileiros.
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