terça-feira, 31 de maio de 2011

Grandes Reportagens: o dom do jornalista Ricardo Kotscho

por Jaqueline Mafra

SC São Paulo (SP) 26/11/2010 - Entrevista com o jornalista Ricardo Kotscho. Foto Michel Filho/Agência O Globo

O talento herdado de seu avô materno, um popular jornalista alemão, permitiu a Ricardo Kotscho se tornar uma referência na história do jornalismo brasileiro. De forma prodigiosa, começou sua carreira aos 16 anos e ainda muito jovem ingressou na equipe do jornal O Estado de S. Paulo um dos maiores da década de 1960.

No Estadão, Ricardo Kotscho enfrentou as repressões da ditadura militar e teve a oportunidade de escrever grandes matérias, como a cobertura da morte do General Castelo Branco, seu primeiro maior desafio, como também a Série das Mordomias, quando denunciou as regalias que os Superfuncionários do governo militar e pessoas ligadas a eles tinham. Essa última rendeu o prêmio Esso à equipe do jornal.

Depois das denúncias sobre os Supefuncionários, Kotscho se mudou para a Alemanha onde se tornou correspondente internacional pelo Jornal do Brasil. Na década de 1980 trabalhou na Folha de S. Paulo onde fez a cobertura da morte do Tancredo Neves. Em 2003 e 2005, exerceu o cargo de Secretário de Imprensa e Divulgação da Presidência da República no governo Luiz Inácio Lula da Silva. Escreveu 19 livros, dentre eles e A prática da reportagem (Ática), Serra Pelada: uma ferida aberta na selva (Brasiliense), Explode um novo Brasil — Diário da campanha das Diretas (Brasiliense) e Do golpe ao Planalto: uma vida de repórter (Companhia das Letras). Hoje escreve em seu blog Balaio do Kotscho.

Além do prêmio Esso também ganhou o Herzog, Carlito Maia e Cláudio Abramo, entre outros. Em 2008, foi um dos cinco jornalistas brasileiros contemplados com o Troféu Especial de Imprensa da ONU.

Com um caderninho sempre em mãos e dono de um grande espírito investigativo, Ricardo Kotscho fez do jornalismo uma opção de vida. Segundo o livro “Lugar de repórter ainda é na rua”, de Mauro Júnior e José Roberto de Ponte, para o jornalista, "ser repórter é bem mais do que simplesmente cultivar belas letras, se o profissional entender que sua tarefa não se limita a produzir notícias, seguindo uma fórmula científica, mas a arte de informar para transformar."

No evento Histórias que se contam: o jornalismo em grandes reportagens, Ricardo Kotscho contará suas experiências como jornalista, suas grandes reportagens, que escritas à moda antiga, ainda inspiram novas gerações.

terça-feira, 24 de maio de 2011

[Evento] Histórias que se contam: o jornalismo em grandes reportagens

 

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A Jornalismo Júnior gostaria de convidá-lo para o evento Histórias que se contam: o jornalismo em grandes reportagens.

Com duração de três dias, o evento será composto de cinco palestras, que tem como objetivo aproximar o público de um fazer jornalismo diferenciado do padrão da grande imprensa: o lide, a pirâmide invertida, etc... Os temas abordados serão: jornalismo literário, de guerra, grandes reportagens e perfil jornalístico.

O evento ocorrerá nos dias 07, 08 e 09 de junho, na Casa de Cultura Japonesa, na Cidade Universitária.

Para as palestras, contaremos com a presença de Ricardo Kotscho, Edvaldo Pereira Lima, Sergio Vilas-Boas e Sérgio Dávila.

E, no último dia, nosso convidado será o jornalista José Hamilton Ribeiro, que falará sobre sua experiência profissional e sobre seu último livro, “Realidade Re-vista”, que traz algumas reportagens publicadas na saudosa revista Realidade, até hoje considerada um ícone de um jornalismo audacioso e bem-sucedido, bem como comentários e textos atuais sobre o grande projeto.

O livro estará a venda neste dia, e José Hamilton o autografará após sua palestra.

Inscrições

Para fazer sua inscrição, clique aqui e preencha o formulário. As inscrições são gratuitas. Elas poderão ser realizadas no dia do evento, mas estarão sujeitas à disponibilidade de lugares no auditório.

Data: 07 a 09 de Junho

Horário: das 14h às 18h

Local: Casa de Cultura Japonesa – USP

Auditório da Casa de Cultura Japonesa

Av. Prof. Lineu Prestes, 159

Cidade Universitária, São Paulo - SP

Programação

07/06

14hRicardo Kotscho – Grande Reportagem

16h30Edvaldo Pereira Lima – Jornalismo Literário

08/06

14h - Sérgio Vilas Boas – Perfil jornalístico

16h30 - Sérgio Dávila – Jornalismo de Guerra

09/06

15hJosé Hamilton

Venda do livro “Realidade Re-vista” com 20% de desconto (apoio Editora Realejo) e autógrafos por José Hamilton

quinta-feira, 5 de maio de 2011

[Internacional] Passo-a-passo para se tornar um bom jornalista internacional


Por Shayene Metri
shayenemt@gmail.com

Praticamente todo aspirante a jornalista já pensou um dia: quero ser um enviado especial, rodar o mundo fazendo o que eu gosto e conhecer as mais diversas culturas. Só que, para ser um bom jornalista internacional, não basta só a coragem de ir para um país em guerra ou o jogo de cintura para viver em um lugar com costumes tão diferentes.

Após uma conversa com José Antonio Lima, enviado especial da revista Época (já participou de coberturas como da Copa do Mundo na África e da atual crise do governo egípcio), separamos algumas dicas essenciais para quem quer concorrer às poucas vagas no jornalismo internacional.

1. “Estudei a contragosto o inglês, fiquei sete anos no curso obrigado pela minha mãe. Mas, se ela não tivesse me obrigado, eu não teria essa profissão hoje”, conta José Antonio Lima. O conhecimento de línguas é uma exigência básica no jornalismo internacional. O inglês é essencial, mas quantos mais idiomas você souber, mais diferenciais você possui na profissão.

2. Se você acha que, por ter acabado o colegial, nunca mais precisará estudar História e Geografia, desista do jornalismo internacional. “A pessoa deve entender o que está acontecendo no lugar. Muitas pessoas chegam na Redação sem ter conhecimentos básicos”, fala José Antonio Lima. O enviado especial não pode parar de estudar e deve se especializar, cada vez mais, nos países em que ele apresenta maior interesse.

3. Seja sociável com outros jornalistas que estão no mesmo país que você. Lima diz que “além deles poderem lhe passar novas informações do lugar, ficar em grupo traz mais segurança para o jornalista, quando se está em situações de risco como guerras ou revoltas”.

4. O enviado precisa ser rápido e curioso. Tanto para buscar informações do lugar antes da viagem (com amigos, na internet ou até mesmo dentro da Redação), quanto para conseguir informações do povo local. "Um bom jornalismo internacional é feito quando se dá voz às pessoas e a sua cultura”, aconselha.

5. Por último e mais importante: “fale sobre o que está acontecendo no lugar e, não, sobre o jornalismo feito sobre o assunto”, insisti José Antonio Lima. O enviado especial deve buscar temas novos, curiosidades e singularidades do povo local e dos acontecimentos.