quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Como se construiu a 29ª Bienal

Por Rafaella Peralta
rafalps23@gmail.com

Entre os dias 20 de setembro e 12 de dezembro, o Parque do Ibirapuera recebeu a 29ª Bienal de Artes de São Paulo. Segundo os organizadores, aproximadamente meio milhão de pessoas foram ao Pavilhão Ciccillo Matarazzo conferir as 850 obras expostas no local. Ao todo, 159 artistas de 35 nacionalidades foram convidados para expor no evento que teve como tema a relação entre a arte e a política.

Manutenção e montagem
Para que tudo ficasse pronto a tempo da estreia, cerca de dois mil homens trabalharam na montagem das obras, que começou com mais de dois meses de antecedência, no dia 5 de julho. De acordo com Mário Rodrigues, gerente de RH, Materiais e Manutenção da Bienal, durante os 84 dias em que a exposição ocorreu, cerca de trezentas pessoas, entre seguranças, bombeiros, faxineiros, guarda-volumes, equipe de manutenção das obras e do posto médico, trabalharam diariamente no local.

Monitores
Os trezentos educadores, contratados para monitorar as visitas orientadas, foram escolhidos pela curadora do projeto educativo, Stela Barbieri, entre quinhentos estudantes dos cursos de Artes Visuais, Arquitetura, Design, Letras, História, Geografia, Filosofia, Ciências Sociais e Pedagogia que participaram de um curso de formação. Promovido através de uma parceria estabelecida com 24 instituições culturais de São Paulo, entre elas o MAC, o MASP e a Pinacoteca do Estado, o curso aconteceu entre os dias 30 de abril e 23 de junho.

A presença da interatividade
Algumas obras contaram com uma participação especial do público em sua construção. Já do lado de fora do pavilhão, “Os mestres e as criaturas novas (remixstyle)”, trabalho da artista angolana Yonamine, atraía muita atenção. Estrategicamente localizada ao lado de uma janela, com o intuito de aproveitar a luz natural do Sol, a obra era composta por inúmeros exemplares de jornais brasileiros amassados, rasgados e espalhados pelo chão. “No primeiro dia, na inauguração, os jornais estavam todos empilhados, igual você compra na banca de jornal, mas a ideia da artista era que ficasse do jeito que está”, conta Rodrigues. Além disso, uma cortina constituída por sacos de plástico transparentes, novos e reciclados, na qual os espectadores foram convidados a deixar mensagens escritas, também constituía a obra.

Presente no terceiro andar do pavilhão e idealizado pelo artista plástico paulista Henrique Oliveira, “A Origem do terceiro mundo” foi outro trabalho que permitiu uma maior participação dos visitantes. A obra consistia em um túnel de cerca de quarenta metros, construído com madeira de demolição e canos de PVC. Na entrada da instalação, monitores e bombeiros orientavam os espectadores a tomar cuidado com pregos e possíveis farpas que pudessem se soltar durante sua passagem. Apesar disso, além da reposição de lâmpadas, da limpeza e da fixação de alguns pedaços de madeira que se soltaram, a obra não sofreu maiores intervenções. A ideia era que o próprio desgaste causado pela movimentação do público em seu interior também se transformasse em um dos componentes da obra.

Desmontagem
Após o encerramento da exposição, no último dia 12, a desmontagem da Bienal levou, ao todo, onze dias para ser concluída. Seis deles foram gastos apenas na desmontagem das obras de arte, outros três para que toda a cenografia fosse retirada e os dois últimos foram reservados para a limpeza do prédio.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Exposição de Laurie Anderson une arte e tecnologia

Por Meire Kusumoto e Paula Zogbi
meirekusumoto@gmail.com/ paulichas@gmail.com

A musicista e artista plástica americana Laurie Anderson tem algumas obras expostas até o dia 26 de dezembro no Centro Cultural Banco do Brasil, no centro de São Paulo.

Entre as atrações, estão um travesseiro que toca música e a mesa que transmite sons através dos ossos do visitante.

I in U - Eu em Tu - Laurie Anderson
Centro Cultural Banco do Brasil
R. Álvares Penteado, 112 - Centro
Terça a domingo: 10h às 20h
Grátis
Informações: 3113-3651

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

[Científico] A linguagem do jornalismo científico

Por Juliana Santos
juliju-santos@hotmail.com

Um dos principais atrativos do jornalismo científico é a diversidade de temas explorados. Por esta razão, nós vimos anteriormente a importância de estar por dentro do assunto e se relacionar bem com as fontes, a fim de obter informações precisas e relevantes. Mas, após a apuração, há ainda mais um desafio para o jornalista científico: a linguagem utilizada na hora de escrever a matéria.

O caderno de economia costuma ser o campeão de críticas, por ser escrito com uma linguagem considerada muito específica e complexa para leitores que não são da área – o chamado “economês”. Mas esse problema não é exclusividade dos economistas. Para Alexandre Gonçalves, repórter do caderno Vida, do Estado de São Paulo, existe também o “cientificês”.
O uso de linguagem inadequada na cobertura científica provoca um afastamento ainda maior do que aquele que se espera normalmente por parte do leitor. “Ele vai começar a ler a notícia e pensar ‘não, ele não está falando comigo, esse repórter não escreveu isso para mim’ e então vai virar a página”, afirma Alexandre.

Para que isso não aconteça, é preciso fazer a passagem do discurso do especialista para uma linguagem compreensível aos leitores. Mas Wilson Bueno, ex-presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Científico, chama atenção para um fato importante: “existe aí um limite para não subestimar a capacidade do leitor/espectador”. “Deve-se tomar cuidado para que a divulgação não se torne vulgarização. O termo difícil, técnico, pode ser entendido pelo público, desde que bem utilizado”, concorda Beth Gonçalves, pesquisadora de Comunicação Científica e Tecnológica.
Segundo Alexandre, a questão da linguagem é uma das razões do receio que apresentam alguns especialistas ao serem entrevistados. “Eu acredito que às vezes o grande temor que os pesquisadores têm é que a sua linguagem se perca e você acabe falando algo que as pessoas entendem, mas que não é o real, não está correto”.

Entender bem o assunto é primordial
A primeira medida a se tomar para não ficar preso aos termos usados pelo entrevistado e poder transmitir a informação ao público com clareza e precisão é sem dúvidas a velha dica: entender bem o assunto. “É preciso que primeiro o jornalista tenha uma clara ideia do que vai noticiar, para poder explorar com as fontes maneiras de interpretar as informações recebidas e poder repassá-las ao público”, alerta Simone Pallone, jornalista da revista ComCiência. Alexandre Gonçalves conta que age da mesma forma: “o que eu costumo fazer é pedir para a pessoa me explicar o assunto e depois eu repito varias vezes para que ela cheque se a minha compreensão está correta”.

A importância do meio
O veículo para o qual se escreve também influencia na linguagem utilizada. Publicações possuem públicos-alvo distintos, de forma que numa revista especializada é preciso ser menos didático do que num jornal diário. Wilson Bueno dá outro exemplo: “a linguagem do Estadão é diferente do Jornal Nacional”. Segundo ele, os leitores do Estado são em sua maioria estudantes e pessoas escolarizadas, enquanto o Jornal Nacional é apresentado a um público bem mais abrangente e heterogêneo – e tais fatores devem ser levados em conta na hora de se escolher a linguagem empregada.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

[Científico] No Brasil e no mundo

Por Mariana Soares
nanacsoares@gmail.com

Há no imaginário brasileiro a idéia de que o que vem de fora é melhor que o produzido aqui. No jornalismo científico, no entanto, isso não é regra. Embora haja muito mais investimento na área nos Estados Unidos e na Europa, a ciência brasileira vem crescendo de forma gradual, bem como o interesse na área. Assim, as publicações jornalísticas sobre o tema aumentaram e estão se tornando mais abrangentes.

capaSegundo os repórteres da Folha, a principal diferença entre o jornalismo científico brasileiro e o mundial é que no Brasil há menos gente trabalhando com isso: “Ser jornalista científico no Brasil é participar de um clubinho que não deve ter mais de 20 pessoas, todos meio que se conhecem, enquanto só a equipe do "New York Times" na área tem quase isso. Mas o que nós fazemos é basicamente a mesma coisa”, disseram Sabine Righetti, Ricardo Mioto e Giuliana Miranda.

Cientistas brasileiros publicam com freqüência em revistas como a Science e a Nature, as maiores da área. Ambas nasceram no século XIX e hoje funcionam como os principais meios de divulgação de o que há de novo na ciência, sendo acessadas por cerca de um milhão de pessoas cada. Essas duas revistas disponibilizam os artigos que serão publicados com uma semana de antecedência para os jornalistas, para que estes possam aprofundar suas matérias. É o que acontece com os jornalistas da Folha Ciência, por exemplo, que possuem conta nesses sites. Perguntados sobre publicações do tipo no Brasil, eles disseram: “Não conhecemos nenhuma revista brasileira que se destaque muito, mas o esforço do pessoal do SciELO é bem louvável”. Reinaldo José Lopes, o editor do caderno científico da Folha, é otimista: afirma que a pesquisa no Brasil não é tão desenvolvida quanto lá fora, mas está crescendo bastante em quantidade e em qualidade.

Fora do comum
O acesso antecipado às próximas publicações mundiais não é exclusividade dos jornalistas científicos brasileiros. Quando há uma grande descoberta, de explícito interesse público, por exemplo, ela será noticiada no mundo todo. Desse modo, tem de se encontrar uma maneira de se diferenciar. Os profissionais da Folha contam que esse é um de seus desafios e que falar com mais pessoas e fazer uma arte diferenciada na matéria são soluções possíveis.

Futuro
As reportagens sobre ciência podem não ser as mais conhecidas por aqui, mas têm seu público. Quando grandes veículos dão espaço para o jornalismo científico, é um estímulo a esse tipo de produção no Brasil. Nos EUA, por exemplo, há um costume de consumir jornalismo. Assim, os textos científicos fazem mais sucesso por lá, o que também é explicado pela quantidade de capital investido na área. Mas no Brasil tanto a produção científica quanto o jornalismo científico cresceram nos últimos anos, bem como se popularizaram. A tendência é isso se manter. É real a possibilidade de termos uma ciência comparável a dos países desenvolvidos, fato que pode ser fomentado pelo crescimento do jornalismo científico. Tudo isso é possível e num futuro bem menos longínquo do que parece.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

[Científico] O caminho das pedras

Por Juliana Santos
juliju-santos@hotmail.com

No último post, conhecemos um pouco a história e a importância social do jornalismo científico. Agora, conversando com jornalistas e pesquisadores da área, reunimos algumas dicas para aqueles que se interessam pela cobertura científica.

ciencia[1]Entre os pontos mais ressaltados estão a vontade de estudar e se informar  sobre o assunto e o cuidado na hora de se relacionar com as fontes - para evitar conflitos nesta relação que já é tão delicada. Além disso, um bom jornalista científico deve saber lidar com infográficos e ter domínio da língua inglesa.

Formação
O jornalista científico tem de lidar com uma grande diversidade de temas complexos. Isso torna essencial que ele possua um conhecimento especializado na área, para que possa se articular sobre o assunto e não apenas reproduzir o que dizem seus entrevistados.

No entanto, não existe uma formação exata e obrigatória para esse profissional. Ele pode tanto se formar em um curso superior voltado à ciência (física, biologia, engenharia, etc) e se especializar em jornalismo, como pode ser um jornalista que cursa uma especialização, ou mesmo que seja mais autodidata e se interesse pela área.

“Não há nenhum curso no Brasil que prepare integralmente para a área de ciências e tecnologia”, afirma Wilson Bueno, primeiro doutor em Jornalismo Científico do Brasil e ex-presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Científico. Por esta razão, cabe ao jornalista se aprimorar cada vez mais. Para isso, ele não precisa necessariamente fazer um curso: pode ler, estudar por conta própria e até mesmo freqüentar congressos científicos. “Precisa ter disposição para encarar temas complexos, estudar mesmo”, completa Wilson.

"Em geral envereda para a ciência quem já tem um certo encanto por essa área”, reforça Alexandre Gonçalves, repórter do caderno Vida, do Estado de São Paulo.

Fontes
No jornalismo científico, o relacionamento com as fontes (em geral cientistas e pesquisadores) pode ser turbulento. Existe uma tensão, um receio de que o jornalista não reproduza corretamente as informações – que necessitam de precisão. Questionada sobre o problema da divulgação de informações, Beth Gonçalves, pesquisadora de Comunicação Científica e Tecnológica, foi categórica: “Com certeza! É o grande dilema que se vive. Há uma reserva de informações”.

Alexandre ressalta a importância de estar bem informado sobre o trabalho do entrevistado: “se tem uma coisa que irrita um pesquisador é você chegar pra conversar com ele e falar ‘e aí, o que tem de importante? ’. Você demonstra claramente que não entendeu nem o abstract do que ele escreveu, que você está pedindo pra ele ‘pelo amor de Deus, me explica alguma coisa’”.

Na hora de escrever, o que importa não é concordar plenamente com o entrevistado, mas jamais alterar ou descontextualizar seu ponto de vista.

Segundas intenções
É preciso estar atento para que uma notícia sobre alguma inovação científica não se torne propaganda de uma empresa ou produto. “É comum a divulgação de um dado de pesquisa científica estar acompanhada do produto, por exemplo, que utiliza os resultados dessa pesquisa. O jornalista deve saber distinguir os propósitos da divulgação para não ser conivente com práticas não éticas”, alerta Beth Gonçalves.

O que o jornalista deve fazer, mesmo em casos em que apenas uma instituição detém a tecnologia que se pretende noticiar, é buscar fontes independentes. “É preciso estar atento à interferência de interesses não científicos. Perceber o que está por trás das notícias”, alerta Wilson Bueno.

Alexandre Gonçalves conta que diversas vezes recebeu convites de viagens ou jantares. “O repórter nem cogita passar isso para uma instância superior, barra nele mesmo”, conta. “Geralmente são pautas que eu acho furadas. É muito claro que é propaganda”.

What?
Falar inglês é fundamental nessa área. Faz parte do cotidiano do jornalista científico falar com pesquisadores no exterior, ler revistas científicas famosas e procurar “papers” (artigos científicos) que são produzidos majoritariamente em inglês. “A ciência no mundo todo se comunica em inglês”, declara Simone Pallone, jornalista da revista ComCiência.

Beleza e utilidade
Que tal um infográfico para facilitar o entendimento de um processo biológico complicado? A área científica é uma das que mais se utiliza deste recurso, tanto para despertar o interesse do público quanto para tornar a informação mais palatável. Por isso, é preciso que o jornalista tenha afinidade com a infografia, saiba “pensar graficamente” para enriquecer suas matérias.

E não adianta dizer que não sabe desenhar. A maioria dos veículos possui uma seção de infografistas. "O que você precisa saber fazer são esboços, mesmo que seja em papel, desde que você consiga organizar suas idéias de modo que seja viável de ser infografado", explica Alexandre.

Enfoque
O avanço da ciência faz com que constantemente criem-se mais pautas para o jornalismo científico. Para Wilson Bueno, esse crescimento faz com que os veículos acabem sendo praticamente “forçados” a cobrir a área. Desta forma, um jornalista especializado, capacitado a sugerir boas pautas, pode abrir as portas para o jornalismo científico no veículo em que trabalha. Para isso, é preciso que sua visão sobre a ciência seja capaz de adaptar as matérias ao público-alvo do veículo.

A pesquisadora Simone Pallone afirma que, no jornalismo científico “é preciso que o jornalista entenda que nem sempre o resultado da pesquisa é a única informação importante. Os processos científicos são valiosos para a evolução do conhecimento, assim como o avanço de uma área da ciência em termos de aumento de pesquisadores, atenção que vem recebendo, e recursos”.

domingo, 24 de outubro de 2010

[Científico] Um pouco de história

Por Carolina Vellei
carolina.vellei@gmail.com

O JC começou a ser pensado logo depois da invenção da imprensa de tipos móveis de Gutenberg. Logo as idéias e descobertas eram divulgadas pelos cientistas, mas claro, ainda para um público limitado de letrados. O JC propriamente dito surgiu somente dois séculos depois. Em 1609, na Alemanha, despontavam alguns periódicos que faziam divulgações científicas. Ao mesmo tempo, o astrônomo italiano Galileu Galilei publicava o livro “Mensageiro Celeste” que contestava alguns dogmas religiosos. A publicação despertou a ira da Igreja justamente por ter uma linguagem clara e objetiva (um dos princípios do JC) e, portanto, acessível à população.

Esse período foi de grande efervescência para a ciência, o que acabou provocando uma imensa troca de cartas entre os cientistas. Em meados do século XX, Henry Oldenburg, cientista alemão, percebeu que o caráter informal e fragmentado delas tinha potencial para publicação em jornais. O alemão criou diversos periódicos, sendo o mais importante o Philosophical Transactions, que durou mais de dois séculos, e serviu de referência para as diversas publicações científicas modernas. E assim nasce a profissão do jornalista científico.

E no Brasil?

Aqui no Brasil, excetuando-se alguns casos pontuais, o JC começou a ser pensando depois da Primeira Guerra Mundial, com preocupações armamentistas. Um dos motivos desse retardo é a nossa história de censura e controle dos meios de comunicação. Outro é justamente a histórica falta de investimentos em Ciência e Tecnologia (C&T). Isso começou a mudar um pouco durante a ditadura militar. Graças à doutrina nacionalista do período, para tornar o país “soberano e independente” os militares investiram fortemente em desenvolvimento tecnológico. Porém, o jornalismo científico foi rigorosamente censurado e era obrigado a divulgar os avanços de forma romântica e ufanista, bem ao gosto dos generais. Ainda hoje as atividades de C&T estão fortemente apoiadas no capital governamental.

Personagens de destaque do jornalismo científico

Podemos citar grandes precursores do cientificismo popular. Euclides da Cunha foi um deles. Foi jornalista, militar e engenheiro civil. No começo do século XX, registrou no livro Os Sertões diversas impressões sobre a região de Canudos. Eram recheadas de observações sobre a influência do clima, da qualidade da terra e outros fatores naturais na ação dos homens. Preconizador do jornalismo científico e ambiental contextualizado, Euclides mostrou que essas informações dão suporte à compreensão da realidade.

José Reis é considerado o patrono do jornalismo científico. Foi médico, pesquisador e jornalista e escrevia semanalmente na Folha de São Paulo de 1947 até 2002, quando faleceu. Grande incentivador da divulgação científica, Reis fundou em 1948, juntamente com outros cientistas, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. A SBPC foi criada para discutir a função social da ciência. Para ele, a ciência é intrinsecamente ligada à sociedade, devendo sempre trabalhar em prol de sua importância para o desenvolvimento e bem-estar do homem.

O boom do jornalismo científico

A década de 1980 agitou o mundo científico. A passagem do cometa Halley (1986), a descoberta da supernova de Shelton (1987), as diversas viagens espaciais e as questões ambientais causaram grande movimentação da mídia para a cobertura de eventos científicos. Ficava cada vez mais claro que C&T fazia parte da vida das pessoas mais do que elas imaginavam. Surgiram diversas revistas, e cada vez mais as editorias dos jornais se estruturaram e abriram espaço para esse assunto. Com o passar do tempo, as assessorias das universidades e das instituições voltadas à pesquisa começaram a se organizar e a produzir informativos sobre suas descobertas e, inclusive, a alimentar os veículos de comunicação com esses conteúdos.

Ainda hoje é um desafio produzir um jornalismo científico de qualidade. Em muitos casos ele ainda é carregado de romanticismo ou superficialidade. Isso é consequência de algumas abordagens que são apenas denuncistas e alarmistas, e que não analisam e expõem criticamente contrapontos para a sociedade.

[Científico] Especial: Jornalismo Científico

Por Carolina Vellei
carolina.vellei@gmail.com

Seu único contato com Jornalismo Científico (JC) se limitava até agora à leitura da Superinteressante? Se o seu sonho é trabalhar com JC só porque você é fã das curiosidades da revista, é preciso que você saiba um pouco mais sobre esse ramo do jornalismo para descobrir as outras inúmeras aplicações dele na sociedade.

Qual a importância de as pessoas terem acesso às informações científicas? Não é preciso ir muito longe para perceber que uma sociedade mais bem informada de seus avanços é capaz de analisar e agir mais conscientemente. A ciência é determinante no contexto social, uma vez que atinge economia, política, saúde e outras infinitas áreas. Grande parte dos investimentos em ciência vem dos cofres públicos. E quem escolhe os governantes que destinam essas verbas? O cidadão. O JC serve como ferramenta para que as pessoas possam opinar e analisar melhor as escolhas que irão interferir em suas vidas.

Durante o mês de outubro o Blog da Jornalismo Júnior apresentará diversos posts sobre o assunto para você saber mais. Confira!

terça-feira, 19 de outubro de 2010

[Fotojornalismo] Fotografia na ONG Um Teto Para Meu País


“Eu não sei se a fotografia humaniza, mas me humaniza”. Márcio Ramos, fotógrafo voluntário da ONG Um Teto Para Meu País, conversou com a Jornalismo Júnior e contou mais sobre o seu trabalho e as fotos que tira. Confira a videorreportagem!

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

[Fotojornalismo] Discutindo o Brasil

Por Mariana Soares
soaresnana@yahoo.com.br

Lançada em abril de 1966 pela Editora Abril, a Revista Realidade veio para chocar. Em suas 140 páginas discutia os costumes da sociedade e, como seu nome sugere, a mostrava nua e crua.

Realidade seguia a tendência do jornalismo literário, e cada repórter tinha liberdade para retratar um assunto do ângulo que preferisse. Na revista era tradição também a chamada reportagem participativa, onde o jornalista escrevia uma matéria, geralmente de comportamento, sobre uma situação vivida por ele.

E qualquer que fosse a matéria, era acompanhada por fotografia. Realidade inaugurou o fotojornalismo brasileiro: suas fotos retratavam nossa sociedade de maneira nada velada, o que causou verdadeiras saias-justas com a censura. Walter Firmo, fotógrafo da revista em seus anos iniciais, conta no blog Virou Realidade, que “Realidade influenciou muita gente, foi um marco jornalístico onde a fotografia alinhava-se com o texto e vice-versa”¹, e aí consiste seu trunfo. Firmo conta que muitas vezes, antes de tirar as fotos, lia as matérias correspondentes para garantir que texto e imagem teriam o mesmo enfoque.

Com o endurecimento do regime militar, no entanto, a revista ruiu. A ditadura não conseguia conviver com tamanha irreverência e personalidade, o que obrigou a revista a fazer algumas reformas, mas sua tiragem não parava de cair. Realidade ainda circulou até 1976, quando fechou as portas de uma vez por todas. Não sem se firmar como um divisor de águas no jornalismo brasileiro. Não sem, de fato, nos alertar para a realidade.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

[Fotojornalismo] Grandes momentos da fotografia

Por Juliana Santos
juliju-santos@hotmail.com

Dizer que fotografia também é arte já é quase um consenso. E tal como toda manifestação artística, ela também é capaz de retratar uma época, um acontecimento – ou até mesmo um sentimento. Uma imagem vale mesmo bem mais do que mil palavras e as fotos a seguir comprovam isso.

O beijo na Times Squarebeijo times
Tirada em 14 de agosto de 1945, por Alfred Eisenstaedt, a foto do beijo entre um marinheiro e uma enfermeira não é ícone de romantismo. O fim da Segunda Guerra Mundial acabara de ser anunciado, e o marinheiro (anos mais tarde identificado como Glenn McDuffie) num momento de euforia, viu a enfermeira (Edith Shain) correu até ela e a beijou - ambos jamais trocaram uma palavra. A imagem se tornou símbolo da alegria que o fim da Guerra trouxe. Este ano, na mesma data em que a foto foi tirada, vários casais se reuniram na esquina da rua 44 com Broadway (local onde a foto foi feita), na base da estátua colorida de oito metros que representa o casal, para um “grande beijo”, em comemoração aos 65 anos do fim da Guerra.


homem tanque O homem tanque
Também chamada de “O rebelde desconhecido”, a foto foi tirada ao final da Guerra Fria, em 5 de junho de 1989, na Praça da Paz Celestial (Tiananmen) – localizada na China. O jovem estudante, segurando sacolas de compras, colocou-se na frente de uma fileira de tanques de guerra para impedir seu avanço. A foto foi tirada por Jeff Widener, e na mesma noite foi capa de centenas de jornais, noticiários e revistas de todo mundo.


Monge em chamasmonge
Tirada em 11 de junho de 1963, a fotografia de Malcolm Browne retrata o monge budista Thich Quang Duc, que ateou fogo em seu próprio corpo e queimou, imóvel e silencioso, até a morte, em uma rua de Saigon. Ele protestava contra a opressão do Budismo no Vietnã.




criança urubu sudão Criança e urubu
Uma menina desnutrida e sem forças arrasta-se para uma base da ONU, a qual fornecia alimentos. Um urubu espreita atrás dela, como se esperasse sua morte.Tirada por Kevin Carter, em 1993, no Sudão, a foto chocou o mundo. Kevin foi muito criticado por ter partido após tirar a foto e espantar o urubu – sem saber o que houve com a criança. Ele ganhou o Prêmio Pulitzer no ano seguinte e cometeu suicídio meses depois, em virtude da depressão que desenvolvera.

O homem caindohomem caindo
A fotografia foi tirada por Richard Drew, durante o atentado ao World Trade Center, em 11 de setembro de 2001. Na imagem, vê-se um homem que se atirara da Torre Norte.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

[Fotojornalismo] Até a V Semana de Fotojornalismo!

Depois de uma semana de cores, intensidades, técnicas e temas diferentes, a IV Semana de Fotojornalismo chegou ao fim. O encontro de grandes profissionais da fotografia ampliou o tema “Contrastes” e deixou um gostinho de querer saber mais. Afinal, um tema nunca se esgota e a intenção é abrir as portas para o universo do fotojornalismo.

João Roberto Ripper, Ed Viggiani, Ormuzd Alves, Iatã Cannabrava, Anderson Schneider, Luciano Candisani e Cristiano Mascaro foram os fotógrafos que emprestaram um pouco de suas experiências e fizeram da IV Semana de Fotojornalismo um local para trocar e aprender com o diferente.

A Jornalismo Júnior agradece a participação de todos e espera encontrá-los no próximo ano, na V Semana de Fotojornalismo.

*Os certificados dos participantes serão enviados por e-mail.

[Fotojornalismo] A sensibilidade vence a técnica

Por Leandro Gouveia
lereisgouveia@gmail.com

Rogério Santos da Costa tem 26 anos e é recenseador do IBGE. Morador de Taboão da Serra, município da Grande São Paulo, teve sua sensibilidade reconhecida pelos jurados da IV Semana de Fotojornalismo, que elegeram sua foto como a melhor da saída fotográfica.

Mesmo com uma câmera amadora, Rogério conseguiu registrar o contraste social existente na capital paulista, representada por um prédio em ruínas na região da Estação da Luz e um anúncio de casas e chácaras colado em um poste.

Apesar de ter sido premiado por uma fotografia que retrata uma construção, Rogério prefere tirar fotos de pessoas. Por conta disso, passou por apuros na saída fotográfica. Ao tentar registrar um grupo de usuários de craque, foi abordado por mais de um deles. Depois de tentar argumentar, achou a melhor solução: fugir.

Por enquanto, a fotografia é apenas um hobby. Influenciado por um álbum de família em que os pais aparecem com roupas da época em que era muito pequeno, o fotógrafo amador sentiu o desejo de documentar o seu dia-a-dia para registrar a história.

Com o mínimo de técnica, mas com muita vivência e vontade de fotografar, Rogério da Costa mostra que “o clique é só um detalhe”.

sábado, 4 de setembro de 2010

[Fotojornalismo] Vencedores da Saída Fotográfica

A Saída Fotográfica pela região da Luz trouxe várias imagens lindas e surpreendentes. Confira aqui as fotos vencedoras:


primeiro lugar - Rogério Santos da Costa

1º Lugar – Acampamento

Autor: Rogério Santos da Costa


Segundo lugar - Diego Nunes Bezerra (38 Cavalo) 2º Lugar – 38 Cavalo

Autor: Diego Nunes Bezerra


Terceiro lugar - Carol Velasques (ordem e progresso)

3º Lugar – Ordem e Progresso

Autora: Carol Velasques

[Fotojornalismo] O fotógrafo de expedições

Por Jéssica Stuque
jessicastuque@gmail.com

DSC00125 Luciano Candisani iniciou sua carreira “do outro lado da rua”. Cursou biologia, mas foi na fotografia que se firmou. A primeira grande oportunidade surgiu com um trabalho para fotografar uma expedição científica na Antártica. Admite, “fui de cabeça”. Chegando lá, o que o esperava? Fotos da fauna submarina. Mesmo diante dessa situação, o iniciante “fotógrafo de expedições” mostrou seu potencial em enxergar o ‘momento decisivo’ até mesmo debaixo d’água.

A próxima parada seria a Patagônia. Foi realizando o mesmo tipo de trabalho durante seis meses, que Luciano foi solidificando sua imagem como fotógrafo. A partir daí, continuou sua trajetória como contador de histórias da natureza.

Uma de suas histórias ganhou contorno especial: o Atol das Rocas, único atol do Atlântico Sul que é formado por duas ilhas baixas que somem quando a maré está alta. Para que a foto mostrasse sua interpretação, o fotógrafo percebeu que só poderia tirar a foto dentro d’água. Ao descrever o seu trabalho, percebe-se que ele faz, de fato, o que é sua paixão: contar histórias sobre a natureza através de suas fotos.

[Fotojornalismo] Naturalmente fotógrafo

Por Jéssica Stuque
jessicastuque@gmail.com

Para Luciano Candisani, a natureza é um ambiente rico em oportunidades. Entretanto, é fácil cair nos clichês e repetições. Por isso, seguindo a proposta da revista “National Geographic”, ele tenta encarar o tema da natureza com uma abordagem jornalística, ressaltando que a fotografia deve ficar entre a arte e o jornalismo. Além disso, ressalta uma expressão cunhada por Bresson - um dos mais importantes fotógrafos do século XX: ”A busca é pelo momento decisivo”.

Mas como encontrar esse momento decisivo, já que não se pode ter controle sobre a natureza? O tempo é uma das ferramentas importantes nesse processo; porém, ainda mais importante, é estar preparado para o que vier à sua frente. Para Candisani, “a antecipação é o maior trunfo”, e no seu caso, estar preparado significa conhecer o comportamento do animal.

Além disso, diz que a fotografia é uma interpretação. “O que eu fotografo na natureza não são os animais e também não são paisagens. A minha busca real é por uma terceira entidade que é formada pela ligação das espécies com o ambiente”. Este é o ponto que, para o fotógrafo, melhor traduz a sua interpretação. Enfatizando esta questão, citou ainda mais uma famosa fotógrafa, Susan Sontag: “Fotografar é atribuir importância”.

[Fotojornalismo] O retrato da selva de pedra

Por Carolina Vellei
carolina.vellei@gmail.com

DSC00118 “A cidade é o abrigo do homem, por mais que ele reclame”. Essa é uma das várias justificativas para Cristiano Mascaro ter escolhido a urbe como um de seus pontos preferidos para fotos. O fotógrafo tem uma longa carreira. Enquanto estudava na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU), se apaixonou pelo jornalismo e foi se aproximando cada vez mais da fotografia. Trabalhou na revista Veja como repórter fotográfico até 1973 e depois, vendo que não havia oportunidades para se crescer na carreira, resolveu voltar para a FAU. Lá trabalhou durante 14 anos dirigindo o Laboratório de Recursos Audiovisuais.

Mascaro sempre teve interesse por cidades. Desde criança vivia em São Paulo e gostava de andar pela Avenida São João, observando fascinado os seus prédios. Com o tom descontraído, comparou o seu trabalho com o do fotógrafo Luciano Candisani, que faz fotos para a National Geographic e dividia a mesa da palestra. “As ruas são muito mais perigosas que a natureza”. No final, Candisani complementou essa visão, afirmando que “o mundo do Cristiano é muito mais selvagem”.

Apesar disso, o “caipira da cidade” , como mesmo se definiu Mascaro, sabe se defender muito bem e retrata a cidade dos mais diversos ângulos, muitos deles impensados. Na Galeria do Rock, conseguiu fazer, sem tripé e apenas se equilibrando perigosamente no último andar, uma foto do vão com as escadas rolantes. O que parecia ser uma “máquina devoradora” para o fotógrafo, ficou com perfeita simetria no trabalho. Mascaro justificou o resultado dizendo: “Não existe nada de paranormal, existe a fé em você mesmo”.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

[Fotojornalismo] O contador de histórias

Anna Carolina Papp
annakps@gmail.com

Para Anderson Schneider, fotografar é nada menos do que contar histórias. Acredita na fotografia como instrumento de comunicação e interpretação da realidade. Afirmou que seus trabalhos são fruto de seu próprio desconforto e indignação. Assim, ele decide “pagar pra ver”, procurando respostas para suas próprias perguntas e dedicando seu tempo a histórias que, segundo ele, mereçam ser contadas.

O custo dessas “narrativas”? Muitas vezes, alto; além de toda a aventura de se “infiltrar num lugar tão longe e diferente”. Porém o fotógrafo defende a iniciativa e o improviso. Ao ser perguntado sobre planejamento e estrutura para suas viagens, em lugares tão complicados, ele respondeu: “Não tem segredo. É muito simples: pega e vai!”

Apresentou alguns de seus trabalhos, ou, como ele mesmo afirma, “histórias”: “Cicatrizes”, que mostra os afligidos no Iraque pós-guerra; “Eldorado”, sobre garimpeiros no sul do Amazonas; “Invisíveis”, mostrando ex-colônias de pessoas com hanseníase; “Estrutural”, sobre um lixão em Brasília, “Jericos” - meio de transporte em Rondônia, com os quais se faz uma enlameada competição e “Brasília concreta” - um tributo de gratidão à cidade que, segundo ele, está passando do papel para o material, o concreto.

Por fim, uma história que é “subproduto de outras histórias”. Anderson afirma que, em alguns momentos de suas viagens, tem a impressão de que “está sempre no mesmo lugar”. Assim, criou o trabalho “Sombria”, que seria uma cidade que não existe, porém está sempre no imaginário das pessoas. “Vez ou outra, essa cidade vem a mim”, afirma ele.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

[Fotojornalismo] Mudança de horário “Do Ecológico ao Urbano”

Devido a problemas de horário de um dos palestrantes, a palestra “Do Ecológico ao Urbano”, com Cristiano Mascaro e Luciano Candisani, será adiantada em meia hora. O novo horário é 13h30.

A premiação da Saída Fotográfica e o coffee end continuam no mesmo horário, às 16h.

[Fotojornalismo] Por que as fotos borram?

Por Jéssica Stuque
jessicastuque@gmail.com

“A gente tem que ter em mente o que quer da foto”. Foi com essa frase que Michelle Moss iniciou o Workshop “Parar o tempo”. Fotógrafa há 12 anos e professora da escola Techimage, ensinou como usar a velocidade das câmeras para se ter uma boa foto.

Uma das principais dúvidas de quem tira fotos é: “por que as fotos borram?”. Michelle responde a essa pergunta, dizendo que isso acontece porque a velocidade está lenta. Para se congelar a imagem é preciso aumentar a velocidade. Mas, qual é a velocidade recomendada?

Para se congelar um jogo de futebol, é 500. Para um corrida de Fórmula 1, é 800. Para a asa de um beija-flor é acima de 1000. Mas o campeão de velocidade foi o tiro. Para se congelar a imagem de um tiro, a velocidade recomendada é 8000. Esses números representam quantas vezes o segundo foi dividido, ou seja, a incrível velocidade 8000 é o mesmo que 1 segundo dividido por 8000.

Michelle explicou, ainda, que esses valores estão relacionados à distância focal – o ângulo da visão. Se a distância focal é de 100 mm, a velocidade recomendada é 100 ou acima de 100.

Entretanto, enfatiza o ponto inicial e recomenda: “Primeiro faz a foto na cabeça, depois clica”.

[Fotojornalismo] Do afinador de pianos à transversalidade fotográfica

Por Jéssika Gonzalez
jgonzalezmorandi@gmail.com

Foi com esses e outros termos que Iatã Cannabrava conduziu sua palestra, mostrando partes de seu trabalho, ao mesmo tempo em que comentava a arte da fotografia como um todo. Tal polêmica, aliás, dos flashes serem arte ou não, abriu o encontro e introduziu outros assuntos a respeito.

“A arte é tecnológica”. Assim Iatã responde à primeira pergunta da plateia, dizendo que devemos perder o medo da tecnologia, afinal, o equipamento faz, sim, diferença, até por ser um IMG_5477 - Cópiacompanheiro do fotógrafo. E ele ilustra com o afinador de pianos, obrigado a saber inclusive da umidade do ar para poder trabalhar ou não.

Importante também foi a questão da contextualização da fotografia, visto que uma mesma pode ser julgada de diversas formas dependendo do local em que é publicada (jornal, documentário, galeria); é o que remete à segunda parte do título acima.

“O trabalho do fotógrafo é, sim, político, e ao extremo, e assim deve ser”. O que Cannabrava apresentou seguiu bem essa linha, pois seu foco são os lugares em que não se olha, como as periferias das cidades latino-americanas. O desafio, já disse o fotógrafo, é o “olhar para dentro”, referindo-se a registrar a casa das pessoas, mas também, por que não, filosoficamente falando.

[Fotojornalismo] Anderson Schneider

Anderson Schneider é fotógrafo independente e tem seu trabalho internacionalmente distribuído pelas agências World Picture Network, de Nova Iorque, e Grazia Neri, de Milão. Arquiteto de formação, abandonou a carreira em 1998 para dedicar-se integralmente à fotografia, seja engajado em IMG_5539projetos pessoais de grande fôlego, seja trabalhando para jornais, revistas e organismos internacionais. Movido pela forte crença de que uma câmera, uma  fotografia e uma página impressa têm o poder de tornar o mundo mais real, Schneider já foi por duas vezes nomeado finalista do prestigioso W. Eugene Smith Grant (Estados Unidos, 2006 e 2007) e recebeu o Prêmio Especial de Fotografia Humanitária da IV Bienal de Fotografia de Pleven (Bulgária, 2005), além de contar também com duas premiações noNPPA Best of Photojournalism (Estados Unidos, 2005 e 2007). Suas imagens participam regularmente de diversas mostras e festivais internacionais de fotografia, já tendo sido expostas em Brasília, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Nova Iorque, Madrid, Gijón, Florença, Perpignan, Pleven, Hannover e Shenyang.

Com 33 anos, Anderson vive em Brasília com sua esposa Adriana e sua recém-nascida filha Anna.

[Fotojornalismo] Iatã Cannabrava

Iatã Cannabrava é coordenador do Estúdio Madalena e fotógrafo. O Estúdio Madalena foi fundado em 1989 e organiza o Paraty em Foco, o Encontro de coletivos fotográficos Ibero-Americanos, a expedição fotográfica “De olhos nos mananciais” e o Fórum Latino-Americano de Fotografia de São Paulo.

Organizou projetos como Revele o Tietê que Você Vê (1991); Foto São Paulo (2001) e Povos de São Paulo - Uma Centena de Olhares sobre a Cidade IMG_5511Antropofágica (2004), além de mais de 30 exposições e 80 workshops.

Como fotógrafo, Iatã desenvolve trabalhos documentais com a paisagem urbana das cidades, especificamente das periferias das grandes metrópoles. Participou de mais de 40 exposições. Foi ganhador dos prêmios P/B da Quadrienal de Fotografia de São Paulo, em 1985; do concurso Marc Ferrez da FUNARTE, em 1987 e de dois prêmios da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, em 1996 e 2006. Suas fotografias foram publicadas em oito livros. Em agosto de 2009, lançou seu último livro, Uma Outra Cidade, pela editora 3º Nome e Imprensa Oficial do Estado. Integra as coleções MASP-Pirelli, Galeria Fotoptica, Joaquim Paiva e MAM/São Paulo.

Ensaios: Amazônia, Casas Paulistas, Fungos, Lilith, Panorâmicas, Havana, Parada Gay, Smag Coca, Spray Tatuagens Urbanas, SX 70, Uma outra cidade.

Livros: Povos de São Paulo, Uma outra cidade

[Fotojornalismo] Fotos da Saída Fotográfica

 

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terça-feira, 31 de agosto de 2010

[Fotojornalismo] Sobre a Saída Fotográfica

Início: 14h
Término: a cargo do participante
Tema: Contrastes
Organização: A Jornalismo Júnior fica na frente do Museu da Língua Portuguesa até às 16h30 para eventuais dúvidas (é necessário assinar uma lista de presença)

Sobre a foto:
Características: tamanho 13x18, fosca e com borda branca
Data de entrega (a foto deve estar impressa): até às 19h da quinta-feira (02/09) para alguém da organização

Sobre premiação
Prêmios: livros de fotografia e curso de fotografia
Colocações: até terceiro lugar ganha prêmio
Quando: final da palestra da sexta-feira, encerrando a Semana.

Bom trabalho e boas fotos!

[Fotojornalismo] Nota sobre certificados

Para a obtenção do certificado de participação na IV Semana de Fotojornalismo, é necessário o comparecimento em pelo menos três dias, em qualquer uma das atividades ou nas duas (workshop e palestra). A quarta-feira (Saída Fotográfica) não é considerada.

[Fotojornalismo] Definitivamente digital

Por Meire Kusumoto
meirekusumoto@gmail.com

Ormuzd Alves foi categórico ao dizer que a discussão sobre a digitalização em fotografia já está terminada. O fotógrafo e pós-graduado em cinema, que desde 1998 só trabalha com fotos digitais, diz que esse debate ainda cabe na área cinematográfica, que apresenta certa resistência para que se dê a transição. Em fotografia, entretanto, é apenas uma questão de tempo para que não seja mais possível sequer comprar filmes para câmeras ou então fazer a revelação de fotos. “Fotografia é fotografia”, constata Ormuzd.

Ele diz que o método antigo, com filme, era extremamente complicado. Além da preocupação com o peso e o manejo das câmeras antigas, também a insegurança do que aconteceria no laboratório era um problema no trabalho dos fotógrafos. Com a consolidação da fotografia digital, a visão geral da foto voltou para as mãos desses profissionais. Além disso, as câmeras digitais retratam, muitas vezes, o que as de filme não conseguem.

A informação é vista de uma forma nova, as agências de notícias não têm mais o que publicar e o espaço para grandes reportagens e ensaios fotográficos é encontrado na internet. Segundo Ormuzd, as preocupações agora são outras. Por exemplo, a de seleção dos momentos que podem ser registrados. “Tem fotos que eu vejo que não vale a pena tirar, apertar o botão”, defende.

Por outro lado, Ormuzd afirma que o trabalho do fotojornalista não mudou no sentido de que ele ainda tem de buscar a verossimilhança. “A gente tenta trabalhar a foto para que ela fique o mais parecida possível com aquilo que a gente viu”. “Ele tem de se virar, enquanto tem coisa acontecendo, você tem que correr atrás, jornalista é full-time”.

[Fotojornalismo] Dos soviéticos ao fotografês: como não trair o real?

Por João Saran
joaocarlossaran@gmail.com

Na União Soviética, aqueles que eram considerados traidores da pátria eram retirados das fotos oficiais. Assim, buscava-se reconstruir a história. No Brasil, uma revista masculina de grande circulação retoca as fotos das modelos. A alteração é feita com fins estéticos. É possível comparar os dois casos?

Para Ed Viggiani, pode-se aproximá-los no que se refere à maneira como nos dirigimos ao real. “Uma questão centraSDC11204l na fotografia digital é a da ética, o comportamento que teremos diante da realidade. Queremos contar o mundo como ele é ou criar um mundo ideal? Daqui a cem anos, tentaremos ver quem era a mulher brasileira através destas imagens retocadas e não será possível.”

Neste ponto, lança um alerta com relação à própria credibilidade da fotografia, já que nossa sociedade costumava enxergá-la como a representação mais fiel do real, um documento socialmente aceito de que algo aconteceu. “Uma publicação de grande circulação precisou publicar uma foto da foto que estava em sua capa e um texto sobre ela para tentar provar que não usava uma montagem”, lembra Ed.

No entanto, Ed Viggiani afirma que, profissionalmente, é praticamente impossível fotografar sem a tecnologia digital hoje em dia. Ele, fotógrafo há trinta anos, adotou a câmera digital há apenas um. Acredita que seu trabalho com máquinas analógicas era diferente. “Minhas fotos eram mais reflexivas, quadro-a-quadro, tudo parecia mais pensado. A instantaneidade do digital dificulta isso.” Com analogia bem-humorada, ainda falou sobre as conseqüências da popularização da prática fotográfica ocasionada pela nova tecnologia. “Estamos criando o fotografês, uma nova linguagem”, arremata.

[Fotojornalismo] Ed Viggiani

Em 1976, Ed Viggiani iniciou graduação em Ciências Sociais na Universidade de São Paulo, que não concluiu. Começou a carreira de fotojornalista em 1978, em São Paulo, como freelancer do Jornal da Tarde e da revista Manchete.

No início dos anos 1980, radicou-se em Fortaleza, onde trabalhou para o jornal O Povo e como assistente do fotógrafo Chico Albuquerque. Retornou à capital paulista em 1984, integrando a equipe das revistas IstoÉ e Veja. Em 1987, criou a Agência Fotograma Fotojornalismo e Documentação. Nesse período, colaborou nos jornais Folha de S. Paulo e Jornal do Brasil.

Em 1991, seu projeto Irmãos de Fé, sobre manifestações religiosas no Brasil, ganhou o prêmio The Mother Jones International Fund for Documentary Photography. No mesmo ano, recebeu o prêmio de melhor exposição da Associação Paulista de Críticos de Arte com a mostra individual Matando o Tempo a Golpe de Luz, realizada em São Paulo. Em 1992, passou a atuar como fotógrafo autônomo nas áreas editorial, institucional e de documentação. Em 1998, coordenou a exposição e a edição do livro Brasil Bom de Bola. No fim da década de 1990, participou do projeto Brasil sem Fronteiras. Em 1999, ganhou o Prêmio J. P. Morgan de Fotografia e, em 2006, publicou o livro Brasileiros Futebol Clube.Em 1976, iniciou graduação em Ciências Sociais na Universidade de São Paulo, que não concluiu. Começou a carreira de fotojornalista em 1978, em São Paulo, como freelancer do Jornal da Tarde e da revista Manchete.

[Fotojornalismo] Ormuzd Alves

Formado em Artes Plásticas e pós-graduado em Cinema, Vídeo e Fotografia, Ormuzd Alves é fotógrafo profissional desde 1980. No jornal Folha de São Paulo, no qual atuou de 1991 a 2003, foi responsável pela transição e implementação do uso da tecnologia digital no departamento de fotografia.

Hoje, além de ensaios para revistas, fotografa produções culinárias, sua mais recente especialização.

Ormuzd, como especialista na área de fotografia digital, também ministra cursos e palestras em todo Brasil.

Principais coberturas:

Jogos Olímpicos em 1996 e 2000

Copas do mundo de futebol em 1994 e 1998

Correspondente da revista Bizz em Londres, em 1986 e 1987

Exposições:

"O prazer do corpo em movimento" - Sesc Vila Mariana, 2001

"Carnaval divinal" - Sesc Vila Mariana, 2006.

[Fotojornalismo] Experiências de contrastes de luz

Por Meire Kusumoto e  Jéssika Gonzalez
meirekusumoto@gmail.com| jessika_g_m_@hotmail.com

O mundo está rodeado por contrastes. Mas, afinal, o que é isso? Essa foi a questão com que Bete Savioli iniciou seu workshop. O termo remete à propriedade visual que faz perceptível o limite entre um objeto e outro; não é uma característica específica da luz, mas sim uma relação que a envolve. Para exemplificar, a fotógrafa citou alguns trabalhos.

· Walter Benjamin descrevendo o “Retrato do Jovem Kafka”: devido à curva característica do filme em preto e branco, tem-se uma sensação de contínuo. Mostram-se todos os detalhes, diferentemente do que acontecia com a gravura.

· Jacob Riis: um dos primeiros a trabalhar com flash, procurava retratar os menos favorecidos por meio de contrastes de várias maneiras, em tom de denúncia. Usava fotos como ponto de partida para desenhos, e, em algumas delas, era imprescindível uma iluminação artificial.

· Lewis Hine: registrou o trabalho infantil nos Estados Unidos no começo do século XX. O viés de suas fotos era dramático, com utilização de “luz dura”.

· Josef Koudelka: viajou pela Romênia retratando o povo cigano, fazendo uso de contraste mais reforçado. “À medida em que esse fazer (fotográfico) vai se firmando, os fotógrafos começam a experimentar mais e a buscar alguns efeitos mais específicos”, diz Bete Savioli.

· Trent Parke: fotografou o território australiano e seus elementos, contando com diferentes variações que fugiam ao preto e branco.

· Alexandro Chaskielberg: inovador por um lado, pouco detalhista por outro, devido a seus contrastes exagerados. Contemporâneo que discute os limites da definição do fotojornalismo.

“A afirmação de que (a fotografia) é o real vem junto com o fazer fotográfico. A fotografia não é pura, não é absoluta”, discorre Savioli sobre a delicada fronteira entre a manipulação da imagem e o fato registrado em si.

Com a digitalização das fotos, a produção se expandiu, mas a o seu fazer se tornou menos pensado. Surgiu uma nova linguagem e uma certa padronização, porém, de acordo com Bete Savioli, “A fotografia é sempre uma surpresa”.