segunda-feira, 28 de junho de 2010

[Independente] Vigilância da Mídia


Por Paula Zogbi
paulichas@gmail.com

O jornalismo independente muitas vezes surge com objetivos claros e metas de mudanças ou novas formas de tratar a notícia. É para esse propósito que foram criados a maioria dos sites chamados de “vigilância” da mídia, uma forma de jornalismo que cuida do próprio fazer jornalístico.

O mais conhecido dentre eles, no Brasil, é o Observatório da Imprensa, que acompanha e promove críticas construtivas à mídia regularmente desde abril de 1996 e que, posteriormente, transformou-se em programa de rádio e de televisão. O site aborda inúmeros temas importantes. Conta, por exemplo, com uma seção voltada para a ocorrência de debates sobre o jornalismo, para a manifestação dos leitores, questões cidadãs e sociais, entre outras. Dessa forma, se tornou um veículo muito utilizado por aqueles que pretendem ir além e analisar as notícias que lêem mais afundo.

Também nesse estilo, o Observatório do Direito à Comunicação procura produzir informação e estimular o debate sobre a comunicação do Brasil. O site apresenta conteúdos sobre a legislação da comunicação no Brasil e outras questões importantes voltadas a esse direito do cidadão.

Fora do país, existem organizações semelhantes. Como exemplo, existe a FAIR (Fairness & Accuracy In Reporting), que se define como “um grupo progressista que acredita que a reforma estrutural é fundamental para quebrar os conglomerados de mídia dominantes, estabelecer meios de difusão pública independentes e promover fontes de informação sem fins lucrativos”. Com um viés mais liberal e opiniões conservadoras, há a Accuracy in Media (AIM), que acaba se somando ao trabalho da primeira, com suas divergências políticas, por uma mídia mais democrática. Também existem veículos de caráter semelhante em países como a França e Portugal.

Em todos os seus formatos, os vigilantes da mídia existem para cobrar dos jornalistas que se mostrem eficientes em seu ofício. E não há forma melhor de fazer isso do que por meio da construção de notícias e críticas bem estruturadas: a linguagem que um comunicador melhor entende.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

[Independente] Os bens e males de ser do contra

 

Por Bruno Federowski
federowski@gmail.com

Quando se fala em jornalismo alternativo, a imagem que costumamos ter em mente é bastante vaga: geralmente, imaginamos pequenos veículos, de tendências revolucionárias e esquerdistas. A verdade é que a imprensa não tradicional representa muito mais do que isso. Para entender melhor o que ela significa:

O que é jornalismo alternativo? É aquele que não está incluído na esfera da “Grande Mídia”, isto é, naquele grupo de empresas tradicionais da imprensa brasileira (Globo, Veja, Folha, Estadão, entre outros). No jornalismo impresso, podemos citar o jornal Brasil de Fato, a revista Caros Amigos, a publicação Le Monde Diplomatique e a revista Fórum. Abrange ainda as rádios comunitárias, o jornalismo sindical e as publicações ligadas ao terceiro setor.

Ele tem necessariamente que ser esquerdista? A pequena mídia não apresenta necessariamente uma visão esquerdista, mas, sim, uma visão progressista e crítica. Os veículos alternativos, em geral, dão voz à parcela da população que a mídia tradicional não alcança. Com isso, fazem com que seus leitores desenvolvam uma visão crítica em relação ao que lhes é apresentado como informação pela grande mídia.

Como ele se diferencia da mídia tradicional? As matérias diferenciam-se tanto pelas pautas quanto pela apuração. Um trabalho realizado pelo grupo de pesquisa Alterjor (grupo de pesquisa desenvolvido pelos professores da ECA-USP Dennis de Oliveira e Luciano Victor Barros Maluly)* demonstrou que, na mídia tradicional, 75% das fontes apuradas são fontes oficiais. Na pequena mídia, ao contrário, há maior pluralidade nas entrevistas: a revista Le Monde Diplomatique, por exemplo, tende a buscar informações com intelectuais; a revista Fórum, com lideranças políticas petistas; etc.

Quais são as dificuldades que o atingem? Por ser composta de veículos de menor distribuição, a pequena mídia, na maior parte dos casos, não consegue atingir os setores populares e restringe-se ao público intelectualizado. Uma notável exceção a isso é o jornalBrasil de Fato, que por ter sua origem ligada ao MST, é utilizado nos cursos de formação promovidos pelo movimento. Com a Internet, entretanto, tem crescido cada vez mais o espaço destinado a veículos não tradicionais.

domingo, 20 de junho de 2010

[Independente] Vídeo


Para você que não foi, ou que quer rever os melhores momentos, confira aqui o vídeo da palestra “Jornalismo Independente”, com Leonardo Sakamoto e Cristina Charão:

sexta-feira, 18 de junho de 2010

[Independente] Militância no jornalismo

Por Bruno Federowski
federowski@gmail.com

“Todo jornalismo em si tem o seu olhar. Eu gosto de chamar o meu de militante” – diz Cristina Charão. Editora do Observatório do Direito à Comunicação, parte do projeto Intervozes, não hesita em afirmar: não tem pudor de trabalhar um texto jornalístico apresentando uma conclusão.

Isso porque, segundo ela, a própria função do jornalista é militante já pela escolha do tema. Charão tenta, então, fazer de seu trabalho um veículo de transformação da sociedade. O Observatório trabalha isso em três vertentes: por meio do acompanhamento das políticas de comunicação; da cobertura de movimentos em torno desse tema; e da reflexão de certas iniciativas nessa área.

Isso não significa, entretanto, que o jornalismo militante tem de ser panfletário. Também não tem de ser, necessariamente, aliado a algum viés político. Sua equipe, por exemplo, é composta de um membro do PSOL, um membro do movimento negro e um indivíduo não afiliado a nenhum partido. “Eu acredito piamente em que militância não se faz só em partido político”, diz ela.

[Independente] O jornalismo investigativo da Repórter Brasil


Por Bruno Federowski
federowski@gmail.com105

“Não recomendo essa vida a ninguém,  porque ela é uma loucura; mas por outro lado ela é maravilhosa: conheci comunidades, pessoas, realidades que meus colegas que ficaram nas redações não conheceram” – assim referiu-se Leonardo Sakamoto a sua experiência na imprensa alternativa. Um dos fundadores da ONG Repórter Brasil, Sakamoto participou de uma palestra sobre a mídia independente na ECA-USP no dia 16 de junho.

A organização, que trabalha com questões agrárias, fundiárias, trabalhistas e de direitos humanos, especializou-se num método de jornalismo investigativo baseado no mote utilizado pelo Washington Post durante o escândalo de Watergate: “follow the money”. Ao descobrirem uma instância em que há problemas graves, os repórteres acompanham o caminho que a produção trilha até chegar ao público. Já houve casos, por exemplo, em que a carne de uma fazenda que fazia uso de trabalho escravo terminasse como um hambúrguer no McDonald’s.

O grupo de leitores do site da Repórter Brasil é composto, principalmente, por dois setores: formadores de opinião (jornalistas, lideranças sociais e políticas, etc.) e indivíduos ligados à educação (professores e estudantes dos níveis básico, médio e superior). Isso condiz com a proposta da ONG, que já chegou a divulgar pesquisas para a grande mídia sem exigir que fossem dados os devidos créditos. “O nosso objetivo não é ser famoso, ser legal, ir pra capa da Caras: nosso objetivo é que nosso trabalho dê resultados.”, afirma Sakamoto.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Jornalismo Independente: Perspectivas e desafios

Como exercer o jornalismo sem estar em uma grande empresa de comunicação? Com o advento das novas tecnologias, cada vez mais pessoas arriscam-se na área do jornalismo e iniciam blogs e sites, produzindo conteúdo como jamais se viu antes. A questão é se este conteúdo é de qualidade e qual sua visibilidade.

Para falar sobre as dificuldades de se iniciar uma carreira independente no jornalismo, a J.Júnior convidou Leonardo Sakamoto, coordenador da ONG Repórter Brasil, na qual mantém uma agência de notícias com denúncias sobre trabalho escravo no Brasil, e a representa Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo.

Atualmente, Leonardo Sakamoto (http://blogdosakamoto.uol.com.br/) é professor da PUC-SP, mas já lecionou no CJE-USP. Além da área acadêmica, tem interesse na área de Direitos Humanos. Cobriu conflitos armados em Timor Leste, Angola e Paquistão. Juntamente com representantes do Coletivo Intervozes, Sakamoto irá debater o papel deste jornalismo independente, a sua qualidade atualmente e motivos que o levaram a realizá-lo.

A palestra "Jornalismo Independente: Perspectivas e desafios" acontecerá na próxima quarta-feira, dia 16, às 16hrs, no auditório Freitas Nobre.

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